Criança de 1 ano se afoga em piscina de hotel de luxo em Brasília, e funcionárias não percebem
Menina foi socorrida e não corre risco de vida; ao GLOBO, advogada fala em 'abalo emocional' da família
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o afogamento de uma criança de 1 ano na piscina infantil do Lake Side, hotel de luxo em Brasília. Na ocasião, a menina estava sob os cuidados de uma escola especializada em atividades educacionais, e havia duas monitoras para supervisioná-la. Nenhuma delas, porém, percebeu quando ela caiu e ficou, por quase quatro minutos, submersa na água.
Quem primeiro notou o ocorrido foi outra criança, de 3 anos, que chegou a tentar salvar a menina. Foi só nesse momento que uma das monitoras agiu para ajudá-la. Após o ocorrido, no dia 17 de agosto, ela foi socorrida e levada para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), onde ficou internada por apenas uma hora antes de ser liberada sem sequelas. Imagens obtidas pelo GLOBO mostram o momento.
O caso é alvo de inquérito instaurado pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). Nas imagens, registradas pela câmera de segurança, é possível ver que um grupo de crianças entra na piscina. Elas estavam sob supervisão de professoras da empresa Family Club. Em dado momento, uma das funcionárias se levanta e coloca uma criança na piscina. Em seguida, outra coloca um aluno na beira do espelho d’água.
O vídeo também registra a dificuldade da menina de 1 ano em se manter de pé na piscina. Ela escorrega e cai — e, embora a monitora esteja olhando para a área, não percebe o afogamento. Uma das responsáveis sai de perto da piscina, e a criança fica desacordada dentro d’água. Outro aluno tenta levantar a menina e a puxa em direção à funcionária. Um terceiro adulto aparece e presta os primeiros socorros.
‘Abalo emocional’
Ao GLOBO, Marília Brambilla, uma das advogadas que representa os pais da criança, afirmou que a situação gerou um “abalo emocional” na família, que retirou a menina da escola. Ainda de acordo com ela, a instituição não se dispôs a prestar apoio, seja no “cuidado emocional ou financeiro”. Ela afirmou que as funcionárias foram demitidas da empresa, e que o hotel suspendeu as atividades na piscina.
— A questão agora é o abalo emocional da família. Nós esperamos que, de fato, [ocorra] a responsabilidade penal das monitoras, e também daqueles que não fizeram o que determinam as regras administrativas — disse Brambilla. — Nós esperamos que pelo menos o dano material e abalo emocional, o dano moral desses pais, seja reparado.
De acordo com João de Ataliba, delegado-chefe da 5ª DP, o fato ainda está em apuração. Ele solicitou uma perícia para verificar se a piscina está dentro dos parâmetros legais para as aulas infantis, além de exame de corpo de delito na criança. Procurada, a Family Club não comentou o caso até a publicação deste texto.