Brasil tem ameaça de desabastecimento de combustíveis, diz federação
O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal confirma o risco
No dia 11 de outubro, diversas distribuidoras de combustíveis filiadas à Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom) receberam comunicados do setor comercial da Petrobras informando sobre uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel para o mês de novembro deste ano.
Segundo a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis, as reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil.
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) já foi comunicada do potencial problema, por meio de correspondências enviadas pelas distribuidoras ao endereço eletrônico movimentaçõ[email protected], identificado pela ANP como o canal apropriado para o envio de informações sobre esse tipo de situação.
Apesar de totalmente favorável ao programa de desinvestimento de ativos da Petrobras, a Brasilcom considera este momento um exemplo do que pode vir a ocorrer caso as autoridades governamentais não se preocupem em estabelecer regras claras para a atuação dos novos proprietários das refinarias e sistemas de logística desinvestidos pela Petrobras, de modo a evitar o estabelecimento de condições comerciais com preferências a determinados clientes, desequilibrando o ambiente concorrencial do mercado de combustíveis.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, a defasagem de preços da Petrobras, apesar do último aumento de R$ 0,21 centavos (gasolina), está em R$ 0,57 centavos no diesel e de R$ 0,41 centavos na gasolina em comparação com o mercado internacional.
“Nesse sentido, poderá haver realmente falta de produto, pois está muito mais caro importar combustível. A Petrobras tem autossuficiência em petróleo, mas não consegue refinar o suficiente para o consumo interno do país, portanto, as distribuidoras tentam comprar da Petrobras porque está mais barato do que importar e, como ela não tem produto para oferecer, está reduzindo as cotas de vendas futuras para não ficar sem produto para as distribuidoras”, explicou Paulo.
Com isso, segundo o presidente do sindicato, as distribuidoras terão de importar mais caro para não faltar produto e repassar o custo a revenda, “tirando então a responsabilidade da Petrobras e do governo deste possível aumento para sanar a defasagem da empresa.