‘Vai dar canetada e me prender?’, diz Bolsonaro após decisão de Moraes
Os ataques de Bolsonaro ocorrem após a publicação de uma reportagem da Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (26)
Trajado com uma camiseta verde e amarela com a escrita “Bolsochelle” e com seu número de urna, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, aumentou o tom novamente contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em live e provocou: “Vai me prender?”. Bolsonaro ainda criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e voltou a promover seus candidatos.
“Alexandre, você mexer comigo é uma coisa, mexer com a minha esposa ultrapassou todos os limites. Tu tá pensando o que da vida? Que você pode tudo? E tudo bem? Você um dia vai dar uma canetada e me prender? […] Esqueça a minha esposa”, falou, exaltado.
Os ataques de Bolsonaro ocorrem após a publicação de uma reportagem da Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (26), sobre mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular de um assessor do presidente, que teria renovado suspeitas a respeito das movimentações financeiras da família, em especial de Michelle Bolsonaro. A operação foi autorizada por Moraes.
Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, o material obtido pela Polícia Federal indica que dinheiro do gabinete presidencial foi movimentado para pagar contas pessoais do clã Bolsonaro e da primeira-dama.
Bolsonaro ainda disse que não iria “adjetivar” o ministro, pois “tenho vergonha de falar o adjetivo que merece o Alexandre de Moraes”. Segundo o presidente, Moraes “vazou” as mensagens do assessor “para constranger a mim”.
Além disso, o presidenciável do PL traçou relações entre o STF e seu principal oponente nas eleições, o ex-presidente Lula.
“Se o Lula vai entrar na Justiça e, se cair no Supremo, a gente sabe que o Supremo a princípio vai dar grande cauda para ele, a gente sabe disso, ele tem maioria lá dentro. Então, tem tudo para ganhar aqui uma indenização bilionária”, disse sobre uma possível indenização ao petista referente ao tempo que ficou preso.
CASO DOS IMÓVEIS
Ao negar que tenha utilizado dinheiro público para questões pessoais, Bolsonaro disse que a acusação é “uma covardia, igual à questão dos imóveis”. Na semana passada, reportagens do UOL relatando o uso de dinheiro vivo em 51 dos 107 imóveis comprados pelo clã Bolsonaro chegaram a ser censuradas na quinta-feira (22) pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, mas o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça derrubou a censura.
Em outra decisão no sábado, Mendonça negou pedido apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para investigar as operações imobiliárias de Bolsonaro e sua família.
Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo aponta que a Polícia Federal avaliou as movimentações financeiras de Ana Cristina Valle, candidata a deputada distrital pelo PP (Partido Progressista) no Distrito Federal e ex-esposa de Bolsonaro, como “atípicas” e “incompatíveis” com seu salário.
As afirmações da polícia se baseiam em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), elaborado para ser utilizado como base para pedir à Justiça Federal uma investigação contra a ex-esposa de Bolsonaro após ela comprar uma mansão em um bairro nobre de Brasília, avaliada em R$ 3 milhões.
Nas redes sociais, Ana Cristina negou as acusações. “Não é verdade… Eu desafio a pessoa a provar que isso é verdade. Abro a minha conta bancária a quem quiser”, falou.
LIVE EM OUTRO LOCAL
A transmissão ao vivo de hoje à noite foi realizada em novo local, após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter proibido a gravação de lives de cunho eleitoral no Palácio da Alvorada. Anteriormente, o chefe do Executivo classificou a medida como “estapafúrdia”, “invasão de propriedade privada” e garantiu que seguiria fazendo transmissões online para falar com seus apoiadores.
O ambiente foi decorado com um pôster de campanha de Bolsonaro e uma bandeira do Brasil pendurada atrás do presidente.
Horário eleitoral. Como tem repetido nas últimas lives, Bolsonaro aproveitou a parte final da transmissão para promover seus candidatos ao redor do Brasil. Os indicados do presidente incluem ex-ministros de seu governo e postulantes de partidos associados ao dele.