Ricardo Nunes busca no MDB sua 1ª escolha no alto escalão
Prefeito de São Paulo ampliou o escopo de influência de seu partido
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ampliou o escopo de influência de seu partido na administração municipal ao escolher Aline Torres como a nova secretária de Cultura. Ele também é presidente do diretório municipal do MDB.
Ela assumirá o posto deixado por Alê Youssef, que, como revelou o Painel, pediu demissão do cargo falando de incompatibilidades ideológicas e dificuldades orçamentárias com Nunes.
Aline disputou as eleições de 2020 pelo MDB e tentou uma vaga de vereadora na Câmara Municipal de São Paulo. Nunes e o presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), foram apoiadores da campanha de Aline. Ela não foi eleita.
O prefeito referendou sua nomeação como secretária-adjunta de Inovação e Tecnologia, que foi oficializada em 10 de agosto. Não deu tempo nem de atualizar o perfil no LinkedIN e ela foi chamada para assumir a pasta da Cultura.
Antes de escolhê-la, o prefeito consultou colegas de partido.
“Ela realmente é muito querida no nosso partido e tem um excelente currículo voltado à área cultural. Acho que o prefeito fez uma escolha muito acertada e desejamos um ótimo trabalho a ela. Ele escolheu e teve todo nosso apoio”, diz Baleia Rossi ao Painel.
Após a morte de Bruno Covas (PSDB), em maio, Nunes recebeu sondagens de tucanos para trocar de sigla.
Ele passou a informar a cúpula do MDB do convite, que respondeu que seu mandato poderia servir de vitrine num estado em que a legenda ainda tem pouca força, com três vereadores e três deputados estaduais. Nunes topou o projeto.
Aline Torres foi a primeira escolha de primeiro escalão de Nunes como prefeito. Ele disse ao Painel, em maio, que pretendia fazer um mandato de continuidade e que não mudaria nem os secretários, promessa que tem mantido -Youssef que apresentou seu pedido de demissão.
Graduada em relações públicas e pós-graduada em gestão de projetos culturais pela USP, Aline tem experiência de dez anos na área de gestão cultural, com passagem pela Secretaria Estadual de Cultura, onde avaliou projetos inscritos no Proac.
Em 2018, foi candidata a deputada federal pelo PSDB, com pautas voltadas a políticas culturais e periféricas. Em entrevistas, Aline se descreve como de centro-esquerda.
“Perguntam por que não estou ligada a um partido de esquerda e eu respondo: porque um dia me falaram que a gente precisa ocupar todos os espaços. Estou fazendo isso. Precisamos de uma negra com caneta no PT, no PSDB, no PSOL, em todos os partidos”, disse à revista Carta Capital em 2018.
Por Camila Mattoso