Queiroga diz que Brasil terá 3ª dose contra Covid só após adultos completarem vacinação
Ministro não detalhou em que data governo pretende adotar nova dose
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quinta-feira (19) que a dose de reforço para a Covid-19 só será adotada após todos os adultos completarem a vacinação.
“É possível, provável que haja necessidade de uma terceira dose. Mas só vamos avançar numa terceira dose quando houver a população vacinada com as duas doses”, disse o ministro em entrevista à Voz do Brasil.
Queiroga respondia a uma pergunta sobre possibilidade de reforço na imunização de quem recebeu a Coronavac. Ele não detalhou em que data o governo pretende adotar a nova dose, mas disse que a população adulta pode ser vacinada até o fim de outubro.
Também não disse se apenas pessoas imunizadas com essa vacina serão contempladas. O ministro afirmou que a tendência é que pessoas imunocomprometidas, como transplantados, e idosos recebam o reforço.
Durante a entrevista, ele citou projeções distintas sobre o avanço da vacinação até o fim de outubro. Primeiro, disse que a ideia é alcançar “população acima de 18 anos totalmente imunizada” neste período, mas depois disse que a estimativa é que 75% deste grupo seja vacinado até lá.
O Ministério da Saúde encomendou no fim de julho estudo sobre dose de reforço para quem recebeu a Coronavac.
Na quarta-feira (18), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também sugeriu que o governo avalie a terceira dose para pessoas de grupos de risco imunizadas com a Coronavac, vacina desenvolvida pela Sinovac e produzida no Brasil no Instituto Butantan.
“Essa é uma tendência. E isso vai acontecer no Brasil. Só que temos de ir por etapas. Não dá para ter 37% da população com segunda dose e começar a vacinar com terceira dose outro subgrupo”, disse o ministro.
Queiroga afirmou que conversou com a vice-diretora da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mariângela Simão sobre a adoção da dose de reforço. “A posição (da organização) é de não avançar na terceira dose nesse momento, o que nós concordamos”, afirmou Queiroga.
O ministro voltou a declarar que a pasta deve reduzir de cerca de 3 meses para 21 dias o intervalo entre as doses da Pfizer, como sugere a bula do imunizante. Ele não deu prazo para a mudança, mas técnicos da pasta estimam que o novo período será adotado em setembro.
Queiroga disse na quarta-feira (18) que a aplicação da terceira dose para reforçar a imunização contra a Covid-19 deve começar por profissionais de saúde e idosos.
A ideia é reforçar a imunização diante do avanço de variantes do vírus, como a delta.
Especialistas divergem sobre aplicar uma dose de reforço em pessoas já imunizadas ou em focar quem ainda não recebeu a vacina -como crianças e adolescentes.
Um estudo liderado por Julio Croda, infectologista, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), apontou, com base em dados do mundo real, uma eficácia menor da Coronavac, principalmente entre maiores de 80 anos, o que acaba sendo mais um ponto a se pesar na necessidade de um reforço vacinal.
Um estudo do Reino Unido indicou que os níveis de anticorpos contra a Covid começam a cair algumas semanas após a 2ª dose. Isso não necessariamente significa que a barreira vacinal não esteja ativa, já que o nosso corpo tem outras formas de garantir proteção imune, como pelas células T.
Especialistas afirmam, no entanto, que crianças e adolescentes, apesar de proporcionalmente serem menos afetados em gravidade, também participam da circulação do Sars-CoV-2. Logo, para ajudar a frear a disseminação do vírus, é relevante que essas faixas etárias sejam vacinadas, o que ajuda a atingir os patamares necessários para a imunidade coletiva.
Texto: Mateus Vargas