Prisão de suspeito de terrorismo aumenta tensão para posse de Lula
Arsenal de armas e ligação com QG preocupam autoridades
A prisão no sábado (24/12), véspera de Natal, do homem suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível em Brasília aumentou o clima de tensão em torno da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ocorrerá em uma semana.
Petistas, aliados do futuro mandatário e autoridades do país temem novas tentativas de terrorismo e dizem que aumenta a pressão para a desmobilização do acampamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no QG do Exército, na capital federal, a poucos quilômetros da cerimônia de posse.
Bolsonaro não se manifestou sobre o episódio e apenas postou uma mensagem de Natal nas redes sociais.
Autoridades envolvidas na cerimônia do dia 1º de janeiro falam na necessidade de revisão dos planos e reforço do policiamento diante do cenário.
Desde o resultado das eleições proclamado no segundo turno, bolsonaristas se reúnem no local para protestar contra a vitória do petista. Eles pedem intervenção militar e alimentam o discurso de que Lula não vai tomar posse.
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu o suspeito no sábado, como antecipou a Folha. No depoimento ao qual a reportagem teve acesso, George Sousa disse ser bolsonarista e participar do acampamento no QG.
O caso aumentou a pressão sobre o Exército, que vem sendo há semanas cobrado para desmobilizar os manifestantes. Ministros do Supremo fazem parte dos que defendem a imediata desocupação do local.
De acordo com integrantes da alta cúpula da força, há intenção de desmontar a estrutura do local até o próximo dia 30. Na condição de anonimato, eles dizem que ainda haverá gente lá no dia da posse, mas o acampamento estará quase 100% desmobilizado.
Integrantes do Exército passaram a desmontar barracas, mudar permissão para estacionamento e proibir trio elétrico no local há cerca de 15 dias. Segundo um general ouvido pela Folha, o feriado do Natal foi importante para garantir que alguns voltassem para suas casas.
Para militares, se a desmobilização for truculenta, pode aumentar a temperatura e piorar o cenário.
Se até outrora eles defendiam as manifestações do QG, o discurso entre integrantes das Forças Armadas tem mudado com o comportamento violento dos atos.
Agora, alguns deles passaram a dizer que os manifestantes não são bem-vindos. Segundo essas pessoas, há alguns bem intencionados no local, mas não pode haver “marginais”. Eles dizem temer ainda algum tipo de vinculação com o Exército.