Pacheco faz discurso em tom de campanha e sobe tom das críticas a Bolsonaro
Sem citar o nome de Bolsonaro, o senador destacou que o Brasil ainda não superou a pandemia
Apontado como possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2022, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), subiu o tom das críticas a Jair Bolsonaro (sem partido).
Responsável pela palestra inaugural do 9º Fórum Jurídico de Lisboa -evento repleto de celebridades da política do Brasil e que tem o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como um dos organizadores-, Pacheco deu um nítido tom de campanha à sua intervenção.
Do combate à pandemia até a questão do desmatamento da Amazônia, Pacheco passou por assuntos tão diversos quanto a importância do SUS (Sistema Único de Saúde), a defesa de reformas político-administrativas e citações de Ulysses Guimarães e Juscelino Kubitschek.
O senador reiterou, em diversos momentos, a importância da democracia e da separação de poderes. Sentado ao lado do ministro Gilmar Mendes e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Pacheco mandou um recado direto a Bolsonaro.
“O presidente da República tem de compreender que ele não é o presidente do Senado e não é o presidente da Câmara”, afirmou, completando que também não cabe ao Legislativo e ao Executivo interferir no STF.
“O Supremo também tem de entender que, como expressão máxima do poder judiciário, não pode interferir no Legislativo e no Executivo. É assim que as coisas funcionam e devem funcionar.”
Sem citar o nome de Bolsonaro, Pacheco destacou que o Brasil ainda não superou completamente a pandemia e criticou o negacionismo da ciência na questão da Covid-19.
“Não dá para pregar o não uso de máscaras, não dá pra pregar a não vacinação, não dá para termos de novo problemas de leitos de UTI, de insumos para pessoas que estão sedadas. Nós temos de nos preparar”, disse.
Na disputa por um espaço na chamada terceira via, Pacheco voltou a reclamar da polarização política no Brasil. Ao falar de populismo judicial, fez uma crítica velada ao ex-juiz Sergio Moro, que também ensaia uma candidatura ao Planalto.
“Nós temos de tratar a Justiça da forma como ela deve ser: com imparcialidade, com independência e com discrição. Juiz tem de julgar de acordo com o fato e com a prova, e não com apelo popular, não pelo movimento, às vezes midiático, em relação a determinadas causas. A isenção é fundamental ao poder Judiciário”, afirmou.
Após enumerar o que considera grandes feitos do Congresso brasileiro nos últimos seis anos, como as reformas trabalhista e da Previdência, Pacheco arrancou aplausos do público ao falar da ausência de um planejamento estratégico de longo prazo para o país.
“O Brasil peca muito pela falta de planejamento . Eu me ressinto muito até pela falta de um ministério do Planejamento atualmente, que possa planejar ações de governo e possa compreender onde nós estaremos daqui a um ano, onde nós estaremos daqui a 50 anos”, completou.
Por Guiliana Miranda