Lula diz que trabalhará contra reforma administrativa em 2022

Na atual versão da PEC 32, os servidores criticam as possibilidades de flexibilização da estabilidade

Em reunião fechada com representantes dos servidores públicos do Judiciário no sábado (8), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que, se eleito, vai articular para que a PEC 32/2020, que propõe a reforma administrativa, não seja votada em 2022.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse logo após o primeiro turno que a PEC está pronta para ir a Plenário e que pretende avançar com a discussão para votá-la, o que gerou reação imediata dos servidores públicos.

Na atual versão da PEC 32, os servidores criticam especialmente as possibilidades de flexibilização da estabilidade, como a demissão em caso de extinção de cargos e por desempenho insatisfatório. Segundo eles, a fragilização da estabilidade tiraria a defesa dos trabalhadores a pressões políticas.

Em evento da Fiesp com empresários em agosto, Lula defendeu a necessidade de uma reforma administrativa.

“Vamos ter que fazer uma reforma administrativa, sim. Tem pouca gente ganhando muito e muita gente ganhando pouco. É preciso moldar a burocracia a uma nova cultura”, disse.

No encontro em Campinas (SP) no sábado (8), os representantes da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União) entregaram ao candidato um documento com propostas de interesse da categoria, como recomposição salarial, fim da Emenda Constitucional 95, regulamentação da negociação coletiva, entre outras.

O ex-presidente ficou de avaliar a incorporação delas ao programa de governo.

Após o encontro, os servidores do Judiciário começaram mobilização pela eleição do petista na disputa presidencial. Segundo eles, é a primeira vez que a categoria se mobiliza conjuntamente em favor de um candidato desde 2002. A Fenajufe elaborou um manifesto e um abaixo-assinado a respeito das eleições, que pretende entregar a Lula em uma nova reunião.

“Os servidores do Judiciário decidiram se manifestar por entender que estão em jogo não só os ataques do [Jair] Bolsonaro (PL) a nós, com congelamento de salários, quebra do concurso público e da estabilidade para entrar e sair do poder público e aumento de corrupção que isso vai desencadear, aparelhamento do Estado. Não só pelos ataques ao Judiciário e aos seus ramos, como a Justiça Eleitoral e seus servidores”, afirma Thiago Duarte Gonçalves, coordenador jurídico-parlamentar da Fenajufe.

“Entendemos, sim, que uma eventual vitória do [Jair] Bolsonaro é uma derrota da democracia, é ter como certo um período sombrio de longo prazo no Brasil”, conclui.

Por Guilherme Seto

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