Lula diz que adiou cirurgia no quadril para evitar imagem de velho e frágil após eleições
Presidente vai passar por procedimento nesta sexta-feira (29) e volta a falar de temor com anestesia geral
O presidente Lula (PT) comentou novamente nesta terça-feira (26) sobre a cirurgia a qual será submetido no final desta semana. Ele disse sentir dores desde agosto do ano passado.
O petista disse ainda que não realizou o procedimento logo após as eleições presidenciais para não acharem que ele estava “velho” e não transmitir uma imagem de fragilidade. O mandatário acrescentou que não será visto de andador ou mesmo de muletas, durante o período de recuperação.
“A verdade é que estou com essa dor desde agosto do ano passado. Durante o processo da campanha naquela cena que vocês me viam pulando no carro de som, vocês não sabem a dor que eu sentia. Mas eu pulava porque era preciso animar as pessoas”, afirmou o presidente.
“Depois, eu queria operar logo depois das eleições. Bem, eu disse, se eu operar agora, você dizer ‘o Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado'”, completou.
Assim como a Presidência da República havia divulgado, Lula voltou a afirmar que vai ficar sem viajar. Seus próximos compromissos fora de Brasília serão a COP 28, que será realizada nos Emirados Árabes Unidos e será seguida de uma visita oficial à Alemanha.
Lula também disse que não será visto de andador ou de muleta, após a cirurgia.
“Até lá vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente, vou trabalhar. O [secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual, Ricardo] Stuckert não quer que eu ande de andador. Ele já falou ‘não vou filmar você de andador'”, afirmou
“Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado”, completou.
O presidente realizou na manhã desta terça-feira (26) a sua tradicional transmissão ao vivo na internet, o Conversa com o Presidente. O mandatário foi entrevistado pelo jornalista Marcis Uchôa.
A transmissão não havia sido realizada nas duas últimas semanas, por causa de viagens do mandatário. Na terça-feira da semana passada (19), Lula estava nos Estados Unidos, para participar da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Na semana anterior, Lula já estava em Brasília, mas havia chegado tarde da viagem à Índia para a cúpula do G20.
Assim como havia feito na sua última transmissão, Lula convidou ministros para participar do Conversa com o Presidente. A estratégia era usada nas lives do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
Nesta terça-feira, participaram da transmissão Camilo Santana (Educação) e Nísia Trindade (Saúde).
Lula vai passar por uma cirurgia na próxima sexta-feira (29) para tratar de dores que vem sentindo na região do quadril. O procedimento é uma artroplastia total de quadril, e será instalada uma prótese no corpo do presidente. A Presidência da República afirma que a operação deve durar “algumas horas”.
Lula deve permanecer até a próxima terça-feira (3) no hospital e, na sequência, seguirá para o Palácio da Alvorada. Além do período na residência oficial, a recuperação prevê que o mandatário fique sem viajar de quatro a seis semanas.
O presidente buscou tranquilizar as pessoas, afirmando que se trata de um procedimento simples, mas que exige um cuidado especial na recuperação, com atividades de fisioterapia. E voltou a relatar temor com a anestesia geral.
“Eu sempre tive medo de anestesia. Mas agora eu vou tomar. Eu tenho certeza de que eu vou voltar bem. Eu tenho que ter muita disciplina na recuperação, e eu vou ter porque eu tenho um compromisso com este país”, afirmou.
Nesta segunda-feira (25), o presidente já havia relatado medo de receber anestesia geral, após recepção no Palácio do Itamaraty.
“É uma cirurgia que a ciência domina bem, não tem nenhuma novidade, mas obviamente que é sempre cirurgia, é sempre anestesia. E, vocês querem saber da verdade, eu tenho medo é mesmo medo é de anestesia, porque vou ficar dormindo, não gosto de perder o domínio da minha consciência. Mas os médicos dizem que a anestesia avançou muito, que hoje não é como no passado, que hoje é mais tranquilo. Então estou muito tranquilo”, disse na ocasião.
Por Renato Machado