Luciano Hang, da Havan, defende a Lei Rouanet em meio à ‘CPI do sertanejo’
Empresário já investiu cerca de R$ 24 milhões em projetos culturais pela Lei de Incentivo à Cultura, divididos por 270 doações
O empresário bolsonarista Luciano Hang defendeu o uso da Lei Rouanet em uma série de tuítes publicados nesta segunda-feira. Por meio das lojas Havan, ele já investiu cerca de R$ 24 milhões em projetos culturais pela Lei de Incentivo à Cultura, divididos por 270 doações.
Hang ajudou a financiar duas das quatro temporadas do musical “Bem Sertanejo”. No total, a Havan investiu R$ 800 mil no projeto, estrelado por Michel Teló com convidados como os cantores Zé Neto e Cristiano e Gusttavo Lima.
São cantores que estão no centro da polêmica sobre cachês milionários pagos por prefeituras de cidades espalhadas pelo Brasil a artistas sertanejos, conhecida nas redes sociais como “CPI do sertanejo”. As discussões vieram à tona depois que Zé Neto criticou uma tatuagem no ânus de Anitta e disse que os sertanejos não dependem de Lei Rouanet -isto é, de dinheiro público- num show pago pela prefeitura de Sorriso, cidade a 400 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso.
Parte do dinheiro gasto por Hang, como é regra no caso de projetos aprovados pela Lei Rouanet, é abatido do Imposto de Renda de sua empresa. A Havan patrocinou o musical sertanejo pela primeira vez em 2016, com um aporte de R$ 300 mil, e depois na terceira temporada da produção, injetando R$ 500 mil.
O musical “Bem Sertanejo”, inspirado no quadro apresentado por Teló no Fantástico, da TV Globo, e nos álbuns e livro de mesmo nome lançados pelo cantor, captou mais de R$ 28 milhões em quatro temporadas. Uma quinta temporada estreia em São Paulo. Ela ficará em cartaz de 26 de agosto a 25 de setembro.
As críticas à Lei Rouanet são uma bandeira histórica do presidente Jair Bolsonaro, do PL, de quem Luciano Hang é apoiador. O presidente, que tem uma ligação próxima com cantores sertanejos, disse recentemente em entrevista ao apresentador Ratinho que seu governo prioriza artistas em início de carreira e “o sertanejo mais humilde” na hora de distribuir verba pública pela Lei Rouanet.
No entanto, em publicação no Twitter, o empresário dono da Havan disse que nunca foi contra a Lei de Incentivo à Cultura, afirmando que “só no ano passado, distribuímos através de incentivos federais e estaduais, mais de R$ 8,3 milhões para 77 projetos”.
“Narrativas da velha mídia para tentar jogar na vala comum os artistas sertanejos. Parte da imprensa quer prejudicar aqueles que se posicionam a favor do presidente”, ele escreveu. “As palavras que vi na velha mídia foram usou, colocou, investiu dinheiro da Lei Rouanet.
Quando, na verdade, deveriam ser palavras como patrocinou, incentivou, destinou. Invertem os significados para construírem uma narrativa. Nunca fui contra a lei, mas acontece é que antes ela beneficiava, de forma desproporcional, apenas os ‘amigos do rei’.”
Segundo ele, a Havan patrocina projetos culturais há 15 anos. “Toda empresa pagadora de impostos pode fazer o mesmo, de maneira facultativa, e eu sempre apoiei. Mas, me pergunto, por que estão massacrando os artistas sertanejos?”, escreveu.