‘Jamais a agredi, vou provar minha inocência’, diz filho de Lula sobre ex
Luis Cláudio foi acusado por Natália Schincariol por ter cometido violência doméstica, verbal e emocional
Luis Claudio Lula da Silva, 39, o filho mais novo do presidente Lula, decidiu quebrar o silêncio na tarde desta sexta-feira (5). Em entrevista por telefone exclusiva ao UOL, ele nega as acusações de violência física e verbal contra a médica Natália Schincariol, 29.
Na conversa de mais de uma hora, disse que as traições mencionadas pela ex são fantasiosas, e que nunca se relacionou com ninguém enquanto estavam juntos. Conta, ainda, que mesmo numa relação de quase dois anos, não tinham união estável como marido e mulher.
Durante a conversa com a reportagem, ele pede, inclusive, para que seja utilizado o termo “ex-namorados”. Sobre o relacionamento extraconjugal com uma mulher no Amazonas, onde ele é diretor de futebol de um clube da cidade, ele conta que a aproximação só ocorreu após o término com a médica.
Luis Cláudio foi acusado por Natália Schincariol por ter cometido violência doméstica, verbal e emocional. Ela registrou um boletim de ocorrências contra ele na última terça (2). Na sequência, o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a ela uma medida protetiva. A decisão determina que Luis Cláudio deixe o apartamento onde vivia com ela e não faça contato nem se aproxime a menos de 200 metros da ex-companheira.
O filho do presidente Lula enviou um documento do cartório de registro de imóveis, que mostra a divisão de 50% para cada um na aquisição do apartamento em São Paulo. O documento aponta, ainda, que o casal não mantinha regime de “união estável”.
Nem agressões nem xingamentos
Natália acusa Luis Claudio de ter dado uma cotovelada na barriga dela quando ele tentava resgatar o celular dele que estava nas mãos da sua ex. A médica explicou que tentava checar a comunicação do companheiro com outras mulheres, e ele teria sido violento para recuperar o telefone. Disse, ainda, que Luis Claudio a chamou de “doente mental, vagabunda e louca”.
“Jamais agrediria ela. Desde o término do relacionamento, em janeiro deste ano, sempre fui muito atencioso com ela. Nunca chamei ela destes nomes todos que ela diz. Vou provar minha inocência”, afirma Luis Claudio.
Surpresa de aniversário como prova de inocência
Luis Claudio mostra fotos de uma cesta de café da manhã, que teria recebido de Natália após as “supostas agressões ” de janeiro deste ano. Ele diz, ainda, que soube através de amigos em comum que a ex-namorada pretendia realizar uma festa surpresa para ele.
“Se eu a tivesse agredido de alguma forma, tivesse machucado, você acha que ela teria mandado um presente para mim no dia do meu aniversário? Ela me mandou uma cesta cheia de comida, com mensagem e tudo. Como uma pessoa que foi agredida, tem esse tipo de reação? Ela disse para amigos próximos que tinha planejado fazer até uma festa surpresa.”
A mensagem da cesta tinha um tom irônico: “Sossega seu cu, homem infernal. Nesse aniversário espero que você amadureça e se torne uma pessoa melhor. Quero que você se foda. Feliz aniversário. Deus abençoe. Ass: Natália”. Ele estava bloqueado nas redes sociais dela naquele momento.
Segundo Natália, ele havia mandado uma cesta antes para ela, pedindo perdão. “No aniversário dele, mandei uma outra como resposta. Estávamos bloqueados no WhatsApp, foi nosso meio de comunicação.” Diz ainda que houve sim a intenção de fazer uma festa de aniversário surpresa, mas tudo foi antes da traição. “Quando descobri, cancelei”, disse.
Apartamento em comum e status de namorados
Um documento relativo ao apartamento, no registro de imóveis em São Paulo, aponta a divisão do bem em 50% para cada um. Consta o registro também que não há união estável entre o ex-casal.
“Ela não é minha ex-mulher, é minha ex-namorada. Ela que quer vender essa narrativa, mas nunca foi minha mulher. Assinamos um termo [provando] não ter união estável na compra do imóvel. Ela mora em Araras, ela não mora nesse nosso apartamento em São Paulo. Vou brigar na justiça para ter o direito de morar lá, porque ela nem usa. Aos finais de semana ela está em família em Sorocaba”, disse Luis Cláudio.
“Enquanto a Justiça decide, vou alugar um outro lugar para morar quando estiver em São Paulo. Enquanto isso vou respeitar a Justiça, que é o que eu posso fazer hoje. A ideia é voltar a morar neste apartamento até que o juiz determine a venda dele.”
Natália disse que ele lhe pediu muitas vezes para assinar o documento. “Não assinei. Tive medo dos processos dele recaírem sobre mim. De qualquer forma, morar junto há anos, comprar um imóvel e me chamar de esposa; creio que seja uma união estável.”
Traição não, já estava solteiro
Luis Cláudio nega as traições das quais é acusado, e diz que não mantinham mais um relacionamento quando se envolveu com outra pessoa. Diz que entrou nos aplicativos de relacionamento no momento em que eles já estavam brigados.
“Eu nego, não saí com ninguém. Eu conversei com algumas meninas, ela pegou as conversas no aplicativo do Facebook e ela criou esse número de mais de 30 mulheres da cabeça dela. Eu apaguei e deletei tudo na frente dela. Já as conversas no celular foram só umas 5 ou 6 meninas”.
“Namorada” do Amazonas
Na entrevista ao UOL, a médica Natália Schincariol conta que a gota d’água para a separação foi a descoberta de uma traição do ex-companheiro no Amazonas, onde ele vive, trabalhando como diretor do clube de futebol Parintins. Natália disse que ficou sabendo do caso extraconjugal depois de receber uma ligação do marido da suposta amante. Luiz Cláudio diz que quando conheceu a moça, já estava separado da médica. Além de afirmar que se trata de uma “ficante”, que também não tinha compromisso com ninguém.
“Ela já estava divorciada há mais de 11 meses quando nos conhecemos. Eu nunca deitei na cama dela. Eu entrei somente uma única vez na casa dela para tirar um móvel, eu não frequento a casa dela. Nós nos encontramos na minha casa ou na casa de amigos. Nunca tive intimidade para frequentar a casa dela, até porque ela mora com a irmã e o sobrinho”.
Visitas monitoradas às filhas
A reportagem teve acesso a documentos, em segredo de justiça, que apontam que Luis Cláudio é divorciado e tem duas filhas menores. No documento há cláusulas que “impõem” visitas às filhas de forma assistida pela mãe ou babá.
Questionado sobre o tema, Luis Claudio respondeu que passou pelo pior momento da minha vida durante a operação Zelotes, em 2015, que fez busca e apreensão em suas empresas, investigando suposto tráfico de influência para aprovar uma medida favorável ao setor automotivo. A investigação foi arquivada em 2020.
“Fomos ameaçados, todos em cima com a opinião pública. Tudo o que estou passando hoje, já passei 10 vezes pior. Minha ex-esposa ficou comigo o tempo todo, foi muito corajosa de estar ao meu lado. Quando a gente terminou ela ficou cheia de traumas e medos [das agressões de populares], por isso a decisão de guarda compartilhada e com supervisão. Ela tem medo que algo possa acontecer, por isso quer proteger nossas filhas de tudo. Eu, como ex-marido, que já sei tudo o que passamos, entendo o lado dela. Sempre vou apoiá-la, não quero brigas, quero um relacionamento bom com ela e com as minhas filhas. Quero que tenham uma mãe e um pai decentes e presentes.”
“Minhas filhas estão ótimas, falo com elas todos os dias, vida que segue. Minha vida não vai mudar em nada. Nem no meu trabalho, nem na minha vida social. Tenho um ótimo relacionamento com a mãe das minhas filhas. A gente se dá muito bem, a gente viaja juntos, a gente passeia todo mundo junto, coordenamos as vidas das meninas em conjunto e em comum acordo.”
Vaidade como filho do presidente
Perguntado sobre o peso do sobrenome ele diz: “Quando o meu pai ganhou pela primeira vez eu tinha só 17 anos. Teve um período que sim, lá atrás, subiu um pouco à cabeça. Claro, todo mundo querendo ser meu amigo, todo mundo querendo se aproximar. Só que de lá para cá houve muitos tombos, levantadas também.”
“Quem trabalha comigo dia a dia sabe que eu sou pé no chão. Sabe que jamais colocaria o nome do meu pai para alguma coisa. Inclusive eu trabalho aqui no Amazonas desde 2021, e eu fiquei quase dois anos sem ninguém saber que eu era o filho do presidente”
“Meu pai me conhece. Está chateado por ela ter tomado esta decisão”
Ao ser questionado se o pai está chateado com a situação ele rebateu: “Meu pai conhece minha índole, conhece o meu jeito de ser, sabe que jamais eu faria tal coisa. Ele conheceu o meu relacionamento com a Natália, ele sabe o quanto respeitoso e carinhoso eu era com ela. Infelizmente ela inventou essas coisas e ela terá que provar na justiça”.
“Meu pai está chateado por ela ter tomado esta decisão. Ninguém esperava que ela fosse jogar tão baixo”, completou.
Silêncio do pai: “Tenho 40 anos e sei me defender”
“O meu relacionamento com o meu pai não vai mudar. Eu acho realmente que o governo não deve se pronunciar sobre a minha vida particular, não tem nada a ver. Meu pai também não precisa me defender, tenho 40 anos e sei me defender bem na justiça. Jamais ergueria a mão pra uma mulher ou faria qualquer tipo de agressão”.
No trabalho, “vida que segue”, e à espera da justiça
No clube Parintins, onde é diretor, não houve maiores repercussões depois da polêmica aberta com a ex-companheira.
“Trabalho com mais de 35 pessoas no clube e ninguém, até agora, me questionou sobre tudo isso. Ninguém questionou minha índole ou se posicionou contra mim. Todos me conhecem, todos sabem que sou o paizão de todos. Nem o dono do clube me pressionou a nada. Tô muito tranquilo e vida que segue.”
“A justiça sempre prevalece e é isso que me faz e me dá muita tranquilidade para dormir todos os dias tranquilo. Não perco uma hora de sono. Eu avisei, em todas as vezes que ela me ameaçou me denunciar, que as mentiras teriam que ser provadas. Agora, é esperar a justiça.”
Mix de sentimentos sobre a ex-companheira
“Tenho um mix de sentimentos por ela. Raiva, pena, carinho e zelo. Porque eu poderia expor muitas coisas dela na internet, porém, não vou fazer isso, sempre preservei a imagem dela. Não quero o mal dela, quero que ela siga a vida dela. Seria mais coerente ela desmentir tudo, do que levar para a justiça”, concluiu.
Por Patrícia Calderón