Governo demite 2 diretores da PRF, mas nega relação com morte de Genivaldo
Na segunda-feira (30), Bolsonaro, criticou o cobertura da imprensa no episódio Genivaldo
O governo federal demitiu nesta terça-feira (31/5) dois integrantes da cúpula da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Jean Coelho, diretor-executivo da corporação, e Allan da Mota Rebello, diretor de inteligência.
As saídas foram publicadas no Diário Oficial da União e ocorrem na esteira do desgaste com o caso da morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado em uma viatura da PRF, e da operação em uma comunidade do Rio de Janeiro, em que ao menos 23 pessoas morreram.
Integrantes da PRF e do Ministério da Justiça e Segurança Pública, contudo, dizem que as dispensas estavam prevista havia mais de um mês. Os dois diretores farão um curso de dois anos no Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, nos Estados Unidos. O envio de Allan Rebello e Jean Coelho foi oficializado em portaria publicada no Diário Oficial da União em 17 de maio.
Segundo o documento, a mudança dos diretores é “transitória”. Eles devem produzir, em 180 dias, um projeto de dissertação de mestrado “alinhado com os objetivos estratégicos institucionais da Polícia Rodoviária Federal”.
A morte de Genivaldo Santos em Sergipe e a operação policial na Vila Cruzeiro mobilizaram a opinião pública, mas têm sido minimizados no governo federal.
A PRF é muito próxima de Bolsonaro, que já chegou a acenar para um aumento salarial mais privilegiado a eles e ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional).
A categoria faz parte da base eleitoral do mandatário, que busca se reeleger neste ano e está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Na segunda-feira (30), Bolsonaro, criticou o cobertura da imprensa no episódio Genivaldo.
“Não podemos generalizar tudo que acontece no nosso Brasil. A PRF faz um trabalho excepcional para todos nós […] A Justiça vai decidir esse caso. Tenho certeza que será feita a Justiça todos nós queremos isso aí. Sem exageros e sem pressão por parte da mídia que sempre tem lado, o lado da bandidagem”, disse no Recife.
Genivaldo tinha 38 anos e tinha esquizofrenia. Ele foi morto na última quarta-feira (25) após policiais soltarem uma bomba de gás dentro do porta-malas da viatura em que foi colocado após abordagem em Umbaúba (SE). Ele havia sido detido por trafegar de moto sem capacete.
Três dias depois, diante da repercussão na opinião pública, a PRF publicou um vídeo em que afirma que a ação foi uma conduta isolada. A corporação promete que vai aperfeiçoar os padrões de abordagem.
No comunicado, gravado em vídeo, o coordenador-geral de comunicação institucional da PRF, policial Marco Territo, diz que a corporação teria assistido com indignação às imagens em que Genivaldo é asfixiado por gás enquanto é mantido preso numa viatura pelos agentes.
Já no episódio da Vila Cruzeiro, na zona norte fluminense, a PRF atuou na operação coordenada pela Polícia Militar que culminou com a morte de ao menos 23 pessoas, a segunda mais letal da história do estado.
A atuação da PRF entrou na mira do Ministério Público Federal. Durante os preparativos internos da operação, a justificativa era apenas o cumprimento de mandado de prisão de traficantes do Comando Vermelho, facção criminosa que atua na favela.
Após as mortes, a corporação passou a mencionar também a atuação do grupo em crimes em rodovias.
Por Marianna Holanda e Cézar Feitoza