'Gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso', diz Barroso – Mais Brasília
FolhaPress

‘Gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso’, diz Barroso

Na palestra, Barroso evitou falar diretamente do Brasil

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que, enquanto foi presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), teve de gastar tempo “discutindo a bobagem do voto impresso”. A declaração aconteceu durante uma palestra nesta sexta-feira (13/5), no XXIV Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador.

De acordo com informações do jornal Valor Econômico, enquanto defendia que pessoas não têm confiança em seus representantes políticos, o ministro revelou que deveria ter dado mais atenção para pautas identitárias no TSE, como vagas para mulheres no Congresso Nacional. Ao invés disso, segundo Barroso, “gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso”, disse.

Na palestra, Barroso evitou falar diretamente do Brasil, dedicando seu tempo a países como Venezuela, Hungria e Rússia – utilizando-os como exemplo de regresso democrático. “O mundo vive um momento lúgubre, triste e agressivo. Em tempos assim, é preciso ter cuidado para não entrar no clima, para não ser parte da negatividade geral”, afirmou.

Além disso, expressou-se sobre a importância dos meios digitais dentro da democracia – focando, principalmente, nos perigos que a internet pode apresentar para o processo de manutenção da democracia.

“A internet virou um espaço onde se difunde ódio e desinformação e de propagação da intolerância”, disse Barroso.
Atualmente, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral está nas mãos de Edson Fachin, que tem sido uma voz na defesa do processo eleitoral.

“PEC DO VOTO IMPRESSO”
Com amplo apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), a PEC do voto impresso foi um projeto de autoria da deputada Bia Kicis (PL-DF). A PEC defendia a implantação obrigatória do voto impresso nas eleições presenciais, procurando uma apuração de votos inteiramente manual.

Utilizando um discurso com diversos equívocos, como a ideia de que não seria possível auditar eleições eletrônicas, os defensores da PEC duvidavam constantemente da utilização das urnas eletrônicas.
Ainda assim, em agosto de 2021, a Câmara dos Deputados barrou o projeto. A PEC do voto impresso conseguiu somente 229 votos a favor – quando era necessário 308 votos para aprová-la.