Ex-ministro Weintraub diz que Bolsonaro foi ‘sequestrado’ pelo centrão
Ex-ministro da Educação vem num processo de distanciamento do presidente há alguns meses
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub acusou neste domingo (24) o presidente Jair Bolsonaro (PL) de não ser um verdadeiro conservador e de ter sido “sequestrado” pelo centrão.
Em live da qual participou com seu irmão Arthur, ex-assessor da Presidência, e o ex-chanceler Ernesto Araújo, ele disse ainda que Bolsonaro o pressionou a desistir da pré-candidatura ao governo de São Paulo. Caso contrário, o governo faria gestões para que Weintraub perdesse o cargo de diretor do Banco Mundial, em Washington (EUA).
“O presidente Bolsonaro passou a se identificar com o centrão. E com orgulho”, criticou Weintraub na live. “Ele é 100% vulnerável ao Valdemar da Costa Neto e ao Ciro Nogueira”, afirmou, em referência aos caciques do PL e do PP, respectivamente.
Weintraub vem num processo de distanciamento do presidente há alguns meses. O desgaste se intensificou desde que ele anunciou sua disposição de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, em oposição ao nome preferido de Bolsonaro, o do ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
A gota d’água para os ataques ao presidente, no entanto, foram as críticas do ex-ministro e de seu irmão ao decreto de perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal.
Para os Weintraub, essa decisão poderia criar um precedente futuro para outras condenações de esquerdistas. Por causa da crítica, os irmãos foram xingados de “filhos da puta” pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Arthur atribuiu à pressão do governo federal o fato de ter sido demitido de um cargo na cúpula da OEA (Organização dos Estados Americanos). Apesar das críticas, os irmãos disseram que vão apoiar a reeleição de Bolsonaro, “por falta de opção”.
O ex-chanceler Araújo também criticou o presidente na live. “O presidente é uma pessoa completamente diferente hoje do que era quando trabalhamos com ele. Politicamente pelo menos”, afirmou.
Por Fábio Zanini