Denúncias de assédio na Caixa aumentaram na gestão de Pedro Guimarães
Em 2022, até agora, foram 177 denúncias de assédio moral e 77 de assédio sexual
As denúncias de assédio moral e sexual na Caixa Econômica Federal aumentaram a partir de 2019, mesmo ano em que Pedro Guimarães assumiu o comando do banco.
Em 2016, a Caixa registrou 75 denúncias de assédio moral e uma de assédio sexual. Em 2019, foram 341 de assédio moral e 20 de assédio sexual. Em 2022, até agora, foram 177 denúncias de assédio moral e 77 de assédio sexual.
2022 já é o ano com mais casos de assédio sexual desde a criação da Corregedoria da Caixa, em 2015. Os dados são da própria Caixa e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Pedro Guimarães assumiu a presidência da Caixa Econômica Federal em janeiro de 2019, logo no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Guimarães pediu demissão no dia 29 de junho deste ano, após uma série de denúncias de assédio feitas por funcionários contra ele. O economista nega as acusações.
Ele e Bolsonaro sempre tiveram uma relação próxima e Pedro Guimarães foi uma das pessoas que mais participou das tradicionais lives de quinta-feira feitas pelo presidente em suas redes sociais.
O QUE DIZ PEDRO GUIMARÃES
O advogado de Pedro Guimarães, José Luis Oliveira Lima, enviou um comunicado ao UOL no qual atribui o crescimento do número “a um fortalecimento dos canais de denúncia”.
Segundo ele, o ex-presidente da Caixa não tinha conhecimento das acusações, “o que demonstra a independência e seriedade dos canais de denúncia e dos mecanismos de investigações internas na Caixa”.
O QUE DIZ A CAIXA
Procurada pelo UOL, a Caixa esclareceu que os dados “são gerais, fazendo referência a um universo superior a 87 mil empregados do banco, e não se referem apenas a denúncias relacionadas ao ex-presidente, mas a todos os casos apurados pela Corregedoria, independentemente do cargo ocupado”.
O banco também afirma que as denúncias aumentaram devido ao fortalecimento do canal de denúncias.
Questionada pelo UOL, a Caixa não especificou quantas destas denúncias foram investigadas e nem quantas resultaram em punições.
O banco afirmou ainda que adota medidas de prevenção, mas também não detalhou qual o caminho seguido após o recebimento de uma denúncia.
NOTA DE PEDRO GUIMARÃES
“Pedro Guimarães jamais tomou conhecimento dessas acusações, o que demonstra a independência e seriedade dos canais de denúncia e dos mecanismos de investigações internas da Caixa, pois casos desse tipo devem ser sempre tratados com sigilo.
A Corregedoria da Caixa foi criada em 2015, mas só a partir de abril de 2019, na gestão de Pedro Guimarães, passou a ter um canal de denúncias gerido por empresa independente e reconhecida no mercado. Também foi nessa gestão que a Corregedoria ganhou significativo reforço de pessoal.
Pedro Guimarães nega taxativamente ter praticado ou estimulado qualquer ato de abuso, irregularidade ou ilegalidade. Por isso, está convicto de que apurações de qualquer natureza, sejam internas ou externas, vão concluir pela correção de seu comportamento.A gestão da equipe de Pedro Guimarães levou a Caixa a um patamar de excelência jamais visto na sua história, como comprovam todos prêmios recebidos pela instituição nos últimos três anos e meio.”
NOTA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
“A CAIXA esclarece que os dados informados via Lei de Acesso à Informação são gerais, fazendo referência a um universo superior a 87 mil empregados do banco, e não se referem apenas a denúncias relacionadas ao ex-presidente, mas a todos os casos apurados pela Corregedoria, independentemente do cargo ocupado.O aumento de ocorrências aconteceu após a implementação de uma série de medidas para fortalecer a Corregedoria da CAIXA, em especial a criação, justamente em 2019, do Canal de Denúncias, administrado por empresa externa e independente para total proteção da identidade do denunciante.
Com relação às denúncias recentes, a CAIXA ressalta que há apurações internas em andamento, em paralelo às que estão sendo feitas pelos órgãos de controle. Além disso, houve a determinação do Conselho de Administração do banco para a contratação de empresa externa, independente, para verificar todos os casos.
A CAIXA repudia qualquer tipo de assédio e adota procedimentos que garantem análise, tratamento e resposta para todas as denúncias recebidas, mantendo canal de denúncias externo gerido por empresa especializada, obedecendo às melhores práticas de mercado, conforme premissas da Controladoria Geral da União (CGU).
Como forma de fortalecimento da Governança, a Corregedoria, antes vinculada diretamente à Presidência, passou a ser vinculada ao Conselho de Administração do banco. A Corregedoria definiu fluxo específico para tratamento de denúncias e apurações que versam sobre esse tipo de fato irregular, sendo-lhes conferido o grau de tratamento prioritário desde a admissibilidade. A CAIXA adota diversas medidas com o intuito de ampliar o espaço de divulgação sobre o tema junto aos empregados, tais como: Criação do canal Diálogo Seguro, destinado ao acolhimento, escuta e apoio às empregadas, bem como recepção de sugestões por meio de formulário específico sobre os temas de assédio sexual e moral. O tratamento das demandas é realizado por grupo multidisciplinar que realiza o atendimento humanizado àqueles que optarem por receber orientação interna.
Página sobre assédio moral e sexual, contendo material de orientação e informação que abordam os temas;Rodas de diálogos com os empregados;Disponibilização de conteúdo em cartilhas e podcasts que visam à conscientização, esclarecimento e orientação sobre o enfrentamento do assédio no trabalho;Com a implementação de tais ações, a CAIXA reafirma o compromisso em promover constantes melhorias para assegurar um ambiente de trabalho saudável para todos os empregados do banco, sempre observando os princípios da meritocracia e equidade de gênero.
Por fim, a CAIXA destaca que segue à disposição, em regime permanente, das autoridades competentes, em cumprimento à lei das estatais e das melhores práticas de governança.”
Por Sara Baptista