Datafolha traz cenário de anemia eleitoral da terceira via para 2022
O denominador comum é a oposição aos líderes da pesquisa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido)
Igor Gielow
A nova pesquisa do Datafolha sobre a corrida eleitoral para 2022 confirma o cenário de extrema dificuldade com o qual trabalham os líderes partidários da chamada terceira via.
Amálgama que já foi chamado de centro, centro democrático, polo democrático e outros nomes, o grupo inclui diversos atores que trafegam da centro-esquerda à centro-direita que chegou a ensaiar um diálogo, previsivelmente abortado.
O denominador comum é a oposição aos líderes da pesquisa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 26% na pesquisa espontânea, 46% na estimulada) e Jair Bolsonaro (sem partido, 19% na espontânea, 25% na estimulada).
O único integrante da turma a pontuar na pesquisa espontânea, Ciro Gomes (PDT), o faz pelo “recall” de três eleições presidenciais disputadas. Ainda assim, se ele consistentemente pontuou de 10% a 12% nelas inclusive na de 2018, seu nome é lembrado só por 2%.
Outros nomes especulados da terceira via não aparecem: João Doria (PSDB-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ex-ministro Sergio Moro, o apresentador Luciano Huck -esse último já descartado da turma por ter assumido a vaga de Fausto Silva nos domingos da TV Globo.
Nos dois cenários simulados pelo Datafolha, a situação não é muito mais confortável. Ciro pontua com 8% e 9%, nas cédulas em que estão Doria e Leite, respectivamente.
O governador paulista que confirmou no período que vai disputar as prévias para tentar ser o presidenciável do partido. Já o titular do governo do Rio Grande do Sul, que causou barulho político ao se assumir homossexual, também deve estar no páreo interno.
Com o paulista no primeiro cenário, os tucanos chegam a 5%, enquanto o DEM com o ex-ministro da Saúde Mandetta chega a 4%. Todos embolados tecnicamente entre si e com Ciro.
Já na segunda fotografia, com o gaúcho, o tucano faz 3%, e o ex-ministro, 5% -empatando com o pedetista no limite da margem de erro.
Moro é visto como carta fora do baralho, mas sinalizou movimentos e conta com o fim de seu contrato de consultor de um grande escritório de advocacia no fim do ano para eventualmente se reposicionar.
Tanto no tucanato como nos polos de poder na mesma faixa de frequência, como PSD de Gilberto Kassab e o MDB de Michel Temer, a análise é consensual: Lula e Bolsonaro dividirão a ribalta até pelo menos abril ou maio.
A partir daí, torcem, campanhas se apresentarão e a rejeição alta do presidente (59% hoje) poderá fazê-lo de presa preferencial da terceira via por um lugar no segundo turno com o petista. Nos cenários de segundo turno, todos, inclusive Doria e Ciro, batem Bolsonaro, no que pode ser uma prévia do confronto da rodada inicial.
A pesquisa Datafolha foi feita presencialmente, com 2.074 pessoas de 16 anos ou mais, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.