Bolsonaro promove autoteste para Covid, dias após dizer que ômicron é bem-vinda
Presidente usa redes sociais para defender modelo, em momento de alta de casos e alerta de falta de exames
Após ter declarado que a variante ômicron era “bem-vinda”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais neste domingo (16/01) para promover o autoteste para detectar a Covid-19, atualmente em análise pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A postagem acontece em momento de grande atenção voltada para a pandemia, por causa da alta dos casos, dos alertas de falta de testes para detectar a doença e também pelo início da vacinação para crianças entre 5 e 11 anos.
O presidente apresentou dados para defender o programa de testagem do Ministério da Saúde a aproveitou para ressaltar os benefícios do autoteste -que será vendido em farmácias. A pasta A pasta encaminhou nesta semana para a Anvisa pedido de liberação desse tipo de teste.
“Plano Nacional de Expansão da Testagem: encaminho à Anvisa informações do autoteste de antígeno para detecção do Covid-19. O uso do autoteste pode garantir o início mais rápido das ações para interromper a cadeia de transmissão”, escreveu o presidente.
“O objetivo é que os testes sejam disponibilizados em redes de farmácias/drogarias e outros estabelecimentos de saúde para pessoas com ou sem sintomas que tenham interesse em realizar a autotestagem”, completou.
Bolsonaro ainda afirmou que os testes de antígeno já são amplamente utilizados na rede pública e aproveitou para reforçar que o governo já distribuiu mais de 381 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.
O Brasil vem registrando uma forte alta nos casos de infecção pela Covid-19, com a disseminação da variante ômicron. Os números podem ser ainda piores, considerando o apagão de informações no Ministério da Saúde. Pesquisa Datafolha ainda mostrou que o número de pessoas que afirmam já terem sido infectadas pelo novo coronavírus é o dobro das estimativas oficiais.
Em paralelo, a rede privada alerta para a possível falta de testes para detectar o coronavírus, em virtude da grande procura nos laboratórios e farmácias, após as festas de fim de ano.
O presidente, por sua vez, minimizou o impacto da variante ômicron -como já havia feito em praticamente todas as ondas da pandemia.
“[A] ômicron, que já espalhou pelo mundo todo, como as próprias pessoas que entendem de verdade dizem: que ela tem uma capacidade de difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena”, disse Bolsonaro, em entrevista ao site Gazeta Brasil, na quarta-feira (12).
“Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até… Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias -e não vinculadas a farmacêuticas -dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia”.
Por outro lado, está aumentando a pressão sobre o governo, em particular no Congresso. Senadores que integraram a CPI da Covid articularam a criação de uma nova comissão para investigar o apagão de dados, a omissão na vacinação de crianças e os ataques contra técnicos da Anvisa.
Por Renato Machado