Bolsonaro pede a apoiadores que abaixem faixa pró-golpe em Curitiba
Presidente tem sido aconselhado a rever a estratégia de confrontar o comando do Judiciário
O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), pediu a apoiadores durante comício em Curitiba nesta quarta-feira (31) que abaixassem uma faixa pró-golpe militar com os dizeres: “Presidente, acione as FFAA. Nova constituição anticomunista”.
Ao observar o cartaz, Bolsonaro fez um sinal negativo com a cabeça e um gesto com a mão para abaixá-lo. A faixa tinha outra frase, mas a reportagem do UOL não conseguiu visualizá-la no local.
A campanha do presidente da República tem aconselhado Bolsonaro a rever a estratégia confrontar o comando do Judiciário e de levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas para tentar evitar prejuízos eleitorais. Tanto o STF (Supremo Tribunal Federal) como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e parte de seus ministros já foram alvos de ataques diretos do presidente.
Durante o debate promovido pelo UOL, Band, Folha e TV Cultura, no último domingo (28), o presidente não atacou o processo eleitoral, mas voltou a criticar ministros do Supremo. Bolsonaro atacou novamente o ministro Alexandre de Moraes e saiu em defesa dos empresários que foram alvo de ação da Polícia Federal por defender um golpe caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito em outubro de 2022.
Além dos ataques ao Judiciário e ao sistema eleitoral, Bolsonaro tem convocado apoiadores para atos no 7 de Setembro. Em Curitiba, no entanto, ele não fez nenhum chamamento para o evento.
No feriado do ano passado, o presidente participou manifestações golpistas, que pediam o fechamento do STF e atacavam o Congresso Nacional. Bolsonaro chegou a ameaçar o presidente da Corte, Luiz Fux, e chamou de canalha o ministro Alexandre de Moraes, hoje presidente do TSE e responsável por inquéritos que envolvem o chefe do Executivo no Supremo.
Durante o discurso aos apoiadores na capital paranaense, o presidente fez novos ataques ao seu principal adversário nas eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, seguido por Bolsonaro.
“[São] Três anos e meio de governo sem corrupção. Tem um ladrão querendo voltar à cena do crime. Não voltará. E espero que da próxima vez que voltar para a cadeia, não venha para Curitiba. Aqui não é lugar de bandido. Aqui é lugar de pessoas de bem, pessoas honestas e trabalhadoras.”
Embora o presidente negue a existência de corrupção na sua gestão, ao longo dos últimos quatro anos, o governo Bolsonaro acumulou escândalos, que levaram, inclusive, à demissão de ministros.
Na sequência, os presentes no comício ecoaram a frase diversas vezes: “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.
A fala de Bolsonaro faz referência à prisão do ex-presidente, que ficou detido em Curitiba de abril de 2018 até novembro de 2019, por 580 dias, em razão da sentença que recebeu no processo do tríplex, derivado da extinta Operação Lava Jato.
Por Carla Araújo, Beatriz Gomes e Leonardo Martins