Bolsonaro diz que Economia exagerou na reforma tributária e que Receita foi ‘com sede ao pote’

O projeto foi entregue em julho do ano passado e até hoje não avançou

RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (20) que “houve um exagero” por parte do Ministério da Economia na elaboração da reforma tributária e que a Receita Federal foi “com muita sede ao pote”.

As declarações foram dadas em entrevista à rádio Itatiaia.
“Houve um exagero por parte da Economia na reforma tributária, já está sendo acertado com o relator. Realmente, a Receita, no meu entender, como é muito conservadora, [eles] foram com muita sede ao pote.

E eu falei, mesmo sendo projeto meu, se passar no Congresso e chegar para mim aumentando a carga tributária, eu veto.

Eu não tenho problema em vetar o que nasceu de mim. Problema nenhum. Agora, o que nós não podemos fazer é aumentar carga tributária no Brasil”, disse Bolsonaro.

“Paulo Guedes [ministro da Economia] sabe do assunto, obviamente, ele é o nosso ‘Posto Ipiranga’. Também trabalha para que, no final das contas, não se aumente a carga tributária no Brasil”.

A versão da reforma do IR (Imposto de Renda) encaminhada ao Congresso pelo Ministério da Economia no fim de junho gerou uma onda de críticas ao texto feitas por empresários e especialistas.

O projeto original promovia um aumento agregado da carga de tributos sobre as companhias.

Segundo cálculos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), as mudanças propostas pelo governo poderiam aumentar a carga paga pelas médias e grandes empresas em até 71,5%, ao se considerar o lucro real. Para empresas com lucro presumido, esse aumento chegaria a quase 135%.

Diante das críticas, o relator da proposição, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), formulou um parecer para prever um corte de 12,5 pontos percentuais no tributo sobre empresas.

Já a análise da parte da reforma que unifica PIS e Cofins em um novo tributo (a CBS, Contribuição sobre Bens e Serviços) foi adiada para agosto, depois do recesso do Congresso. O projeto foi entregue em julho do ano passado e até hoje não avançou.

Sair da versão mobile