Bolsonaro atrapalha apoio do partido à reeleição, diz presidente do Republicanos
Dirigentes do Republicanos reclamam que o presidente só prioriza o PL
O presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira (23/2) e disse que o mandatário “atrapalha” a permanência do partido na base que apoiará a sua reeleição.
“O presidente Bolsonaro atrapalha o Republicanos a permanecer na base do governo com esse comportamento e atrapalha o Republicanos a crescer”, afirmou o deputado ao jornal Folha de S.Paulo.
A declaração tem como pano de fundo o incômodo do dirigente partidário com a distribuição de deputados, ministros e outros chamados “puxadores de voto” para a sigla.
Pereira tem dito a aliados que Bolsonaro não o ajudou a filiar nenhum parlamentar e, pelo contrário, tem atuado para que alguns integrantes do Republicanos migrem para o PL.
Quando se filiou ao PL, em dezembro do ano passado, Bolsonaro fez questão de fazer um gesto ao Republicanos e também ao PP.
“Pode ter certeza que nenhum partido será esquecido por nós. Não temos aqui a virtude de sermos o único certo, queremos, sim, compor nos estados”, afirmou Bolsonaro na data da filiação.
Na prática, porém, dirigentes do Republicanos e líderes do PP reclamam que o presidente só prioriza o PL, que deve acabar com a maioria dos aliados do mandatário que tem chances de conseguirem desempenhos altos nas urnas.
O presidente do Republicanos expressou o descontentamento com a ausência de articulação do presidente para melhorar a bancada do partido ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que coordena a campanha do pai, em reunião na semana passada.
Na terça (22), após o encontro entre Pereira e Flávio, interlocutores de Bolsonaro tentaram marcar um encontro entre o dirigente partidário e o presidente para esta quarta, o que acabou não ocorrendo.
A tendência é que eles se reúnam após a semana do Carnaval.
Como mostrou a Folha de S.Paulo no ano passado, Pereira vinha cobrando também prestígio na escolha de palanques, sob pena de o partido desembarcar da base do presidente.
Por Júlia Chaib e Marianna Holanda