Arthur do Val e coordenadora do MBL viram alvo de notícia-crime após satirizar João Guilherme
Representação foi protocolada no MP-SP pelo advogado e ativista William Callegaro
O ex-deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, e a coordenadora do MBL (Movimento Brasil Livre), Amanda Vettorazzo, viraram alvo de uma notícia crime apresentada ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que os acusa de LGBTfobia. Os dois zombaram o ator João Guilherme por ele ter usado um cropped —blusa curta que deixa a barriga de fora.
A representação foi protocolada pelo advogado e ativista William Callegaro. Após compartilhar fotos em que usava a peça de roupa, João Guilherme foi vítima de ataques nas redes sociais.
Em um vídeo compartilhado no último dia 28, dia do Orgulho LGBTQIA+, Do Val e Vettorazzo gravaram um vídeo no Instagram em que debocham dos trejeitos e vestimentas do ator.
“É tão ridículo que nem mulher anda assim”, afirma ela, no que Mamãe Falei responde: “Ele é o terror da minha masculinidade frágil”.
Vettorazzo, então, continua: “Isso ajuda os homens, né? Porque fica muito fácil agora para quem é homem de verdade, que usa roupa normal, porque assim, metade é isso daí, que acha que é… Eu já falei num vídeo. Não gosto de homem meio bicha, isso aí é um homem meio bicha”.
“Eu fico olhando… tipo Rambo ali, todo bombado, com a metra… [imita barulho de tiros]. Essa masculinidade frágil vai ser desconstruída agora. Aí, eu ponho o João Guilherme, que faz assim: “Saí pra lá”, segue Do Val, simulando língua presa em deboche.
Ao MP-SP, William Callegaro afirma que os dois “riam, debochavam, ofendiam e satirizavam as ações, movimentações e atuação do ator, atribuindo-lhe adjetivos pejorativos, reações sarcásticas e claramente homofóbicas”.
“É muito cristalino o objetivo do vídeo em tentar diminuir e reprovar a expressão do homem gay que possui características consideradas femininas”, segue a denúncia.
Procurada, Vettorazzo diz, em nota enviada à coluna, que desconhece a ação ” mas parece oportunismo de ativistas sem relevância”. “A minha concepção é que homem de cropped não me atrai e que homem se veste como homem. Se o homem é gay, não há o menor problema, super apoio. No entanto, é inadmissível que seja tirado de mim, enquanto mulher, o direito de criticar o look”, afirma.
Do Val diz que “esse tipo de represália é comum”. “Alguns adversários políticos sempre tentam nos intimidar com denúncias infundadas. Não mudaremos a nossa postura”, segue ele.
Do Val ficou inelegível por oito anos após a cassação de seu mandato de deputado estadual em 2022. Ele caiu em desgraça após virem a público falas machistas relacionadas às mulheres ucranianas vítimas da guerra, mas segue como membro do MBL.
Por Mônica Bergamo