Após falas racistas em podcast, AGU encaminha notícia-crime contra Gustavo Gayer a PGR
Declarações em um podcast teriam originado a denúncia
A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou nesta segunda-feira (03/07) uma notícia-crime contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) a Procuradoria-Geral da República por falas de teor racista ditas quando o parlamentar participou do podcast Três Irmãos. As informações são do Uol.
De acordo com a AGU, ao dizer que africanos não teriam “capacidade cognitiva” para terem um regime democrático, o parlamentar concedeu “declarações discriminatórias” e a instituição enquadrou em crime de racismo.
A AGU entendeu que a imunidade parlamentar não poderia ser considerada no caso, já que as afirmações “não guardam qualquer correlação com a atividade” de deputado. “O tema discutido, além de preconceituoso e discriminatório, não possuía pertinência com a atividade legislativa, nem com qualquer outra atribuição da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional”.
A AGU pede então, que haja abertura de procedimento para que a PGR, liderada por Augusto Aras, ofereça denúnica ou instaurte inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
O que Gustavo Gayer disse?
Em bate-papo no podcast Três Irmãos Gayer associou os regimes ditatoriais existentes em países africanos a suposta baixa capacidade cognitiva dos nativos. “A democracia não prospera na África, porque para você ter uma democracia, tem que ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse.
Ao pontuar sobre o assunto, Gayer deu corda para o apresentador Rodrigo Tiorró, que também é alvo da denúncia da AGR. “O QI na África é de 72. Não dá para a gente esperar alguma coisa da nossa população”, disse o ‘hoster’. Foi o necessário para a resposta do parlamentar bolsonarista.
“Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que acontece? Um ditador toma tudo e o povo [simula aplausos]. O Brasil está desse jeito. O Lula chegou à presidência e o povo burro: “êêêê, picanha, cerveja!” [simula aplausos].’
Por Domingos Ketelbey