Após críticas a Exército por caso Pazuello, Carlos Bolsonaro associa Lula e Defesa sob petista a beijo gay
O filho do presidente da República, usou as redes sociais nesta sexta-feira (4/6) para dar as declarações
O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República, usou as redes sociais nesta sexta-feira (4) para associar Lula e o Ministério da Defesa sob comando do PT a beijo gay. As publicações homofóbicas foram feitas após críticas ao Exército pela decisão de não punir Eduardo Pazuello por participação em uma manifestação política com o presidente Jair Bolsonaro.
Nas publicações, um vídeo mostra Lula, Celso Amorim (ministro da Defesa durante o governo Dilma) e outros integrantes do PT em um evento de 2018 em apoio ao ex-presidente. Entre as apresentações artísticas realizadas na ocasião, dois bailarinos homens mostraram um número de dança com um beijo.
“Tem gente que pode ter ficado horrorizado com a performance, eu achei inusitado”, afirmou Lula após a coreografia.
Na publicação homofóbica, Carlos Bolsonaro insinua que a presença das autoridades durante o beijo seria inadequada: “Isso diante de um sorridente e serelepe ex-ministro da Defesa do PT. Ex-chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”, escreve.
O evento não aconteceu em nenhuma organização militar; os bailarinos também não são militares.
No Brasil, não há nenhuma restrição legal ao acesso de homossexuais ao serviço nas Forças Armadas. Homens e mulheres gays têm o direito de participar dos exames de recrutamento militar sem precisar ocultar sua orientação sexual. Demonstrações públicas de afeto entre pessoas do mesmo sexo também não são criminalizadas.
O processo de integração de homossexuais nas Forças brasileiras teve avanços na última década. Em 2013, por determinação da Justiça, o Exército reconheceu pela primeira uma união homoafetiva, declarando como dependente o companheiro de um sargento. A partir daí, o Exército declarou que os relacionamentos homossexuais seriam reconhecidos por processos administrativos internos, sem necessidade de recorrer à Justiça.
Nos Estados Unidos, a exclusão de homossexuais das Forças Armadas foi proclamada em 1950. Entre 1980 e 1990, segundos pesquisas, foram expulsos cerca de 1500 homossexuais por ano. Em 1993, no governo de Bill Clinton, uma tentativa de relaxamento das restrições deu origem à política do “don’t ask, don’t tell” (“não pergunte, não diga”), segundo a qual não se questionaria a orientação sexual dos militares, e estes deveriam manter reserva sobre isso.
A admissão de homossexuais declarados nas Forças Aramadas dos EUA foi liberada definitivamente em 2011, no governo de Barack Obama. Já a manifestação política por parte de militares da ativa é proibida no Brasil, inclusive em redes sociais. Pazuello, ex-ministro da Saúde e general da ativa, participou de um ato político com Bolsonaro em 23 de maio, no Rio de Janeiro. Ele é um dos principais alvos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19.
A decisão de não punir Pazuello gerou críticas até mesmo no meio militar. O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo Bolsonaro, afirmou em redes sociais que a decisão do Exército é uma “vergonha” e uma “desmoralização para todos nós”.
“Sobre o conjunto dos fatos, é uma desmoralização para todos nós. Houve um ataque frontal à disciplina e à hierarquia, princípios fundamentais à profissão militar. Mais um movimento coerente com a conduta do presidente da República e com seu projeto pessoal de poder. A cada dia ele avança mais um passo na erosão das instituições”, escreveu Santos Cruz.