Anúncio de ministros deve ser gradual e sem açodamento, diz Alckmin – Mais Brasília
FolhaPress

Anúncio de ministros deve ser gradual e sem açodamento, diz Alckmin

Segundo o vice-presidente eleito, o anúncio deve ser gradual

Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O anúncio de ministros pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser feito de forma gradual e sem açodamento, afirmou o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que ressaltou que o petista já pensou nos primeiros nomes.

Alckmin falou após uma reunião com o grupo de trabalho de ambiente, realizada na manhã desta quinta-feira (8/12) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição.
As declarações ocorrem em um contexto em que começam a ser ventilados nomes cotados pelo presidente para ocupar ministérios, como o de José Múcio na Defesa e o de Fernando Haddad na Fazenda.

Alckmin descartou qualquer antecipação de nomes. “É o presidente que vai anunciar os nomes. Acho que ele [Lula] já tem os primeiros nomes já pensados. Mas vamos deixar que ele anuncie”, disse.

Segundo o vice-presidente eleito, o anúncio deve ser gradual.
“Você vai gradualmente escolhendo os nomes, anunciando. Primeiro, não deve ter açodamento. Segundo, deve ser gradual mesmo, vai fazendo em paz. Ouvindo muito, o que é muito bom”, ressaltou. Questionado sobre se podia antecipar algum nome, Alckmin respondeu: “Vamos aguardar.”

Alguns dos nomes cotados para ministérios aguardam o aval de Lula para começar a se movimentar.
Ex-integrante do TCU (Tribunal de Contas da União), José Múcio espera a oficialização pelo presidente eleito para conversar ainda nesta semana com os pretensos futuros comandantes das Forças Armadas e nomes designados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para a transição.

Já Haddad se reuniu com representantes do Banco Mundial para discutir os investimentos da organização no Brasil. Ele também esteve nesta quinta-feira com o ministro Paulo Guedes (Guedes) no ministério.
Alckmin também comentou a aprovação, na noite de quarta-feira (7), da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição no Senado.

O texto amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões em 2023 e 2024 para o pagamento do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) e libera outros R$ 23 bilhões para investimentos fora do teto em caso de arrecadação de receitas extraordinárias.

A PEC é a principal aposta do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para cumprir promessas de campanha, como a manutenção do Bolsa Família em R$ 600 e o adicional de R$ 150 por criança até seis anos.

“Acho que o resultado foi muito positivo. A PEC não aumenta gastos em proporção ao PIB [Produto Interno Bruto] praticamente. A despesa primária se mantém em 19% do PIB. O que precisa é melhorar a qualidade do gasto público”, disse.

“E esse é um teto, não quer dizer que vai gastar também. É um teto que foi estabelecido. E este ano é o ano de se rediscutir uma nova ancoragem fiscal, que acho que deve ser levado em conta um tripé: a questão da curva da dívida, o superávit primário e a questão dos gastos do governo.”

O ex-governador de São Paulo também criticou qualquer tentativa de reduzir o prazo de dois para um ano, como querem líderes do centrão na Câmara.

“Eu entendo que o ideal é manter os dois anos, porque daí dá também para discutir reforma tributária. E a própria discussão da nova ancoragem fiscal. Fazê-lo com mais calma.”

Alckmin descartou que a análise da constitucionalidade das emendas de relator pelo STF (Supremo Tribunal Federal) possa trazer qualquer risco à aprovação da PEC na Câmara.

“São questões distintas. E acredito que, da mesma forma que o Senado deu uma manifestação expressiva, a Câmara também o fará, entendendo que o que se deseja é pagar o Bolsa Família, manter o estado funcionando”, afirmou.

Por Danielle Brant e Renato Machado