Alexandre de Moraes tenta forçar acordo entre Lula e Bolsonaro para fim de ataques na TV

Os advogados do PT consultaram a direção da campanha de Lula, que recusou

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, convocou advogados da campanha de Lula e de Jair Bolsonaro na quinta (20) para tentar um acordo em que os dois lados abririam mão de direitos de resposta nos programas de rádio e TV do adversário. E passariam, daqui em diante, a veicular apenas ideias propositivas em suas respectivas propagandas eleitorais.

Os advogados do PT consultaram a direção da campanha de Lula, que recusou.

Nesta semana, o petista ganhou o direito de veicular 184 inserções no tempo destinado a Bolsonaro como respostas aos ataques da campanha do presidente que afirmavam que ele foi o mais votado em presídios brasileiros, associando-o a criminosos.

Desde então, a pressão da campanha de Bolsonaro sobre o tribunal se intensificou. Ao ser obrigado a ceder tempo de TV ao adversário, o presidente perderia a oportunidade de bombardear eleitores com suas mensagens na reta final da campanha.

Bolsonaro também ganhou o direito de veicular direito de resposta na propaganda de Lula, mas em número muito menor.

Ele teria 14 inserções por ter sido chamado de canibal pelo PT.

A campanha de Lula explorou uma entrevista que Bolsonaro deu ao jornal The New York Times dizendo que aceitou comer a carne de um índio para visitar uma região em que esse era um hábito cultural –o que acabou não ocorrendo, disse, já que a comitiva que estava com ele “não quis ir” ao local.

O PT julgou que a tentativa de acordo de Alexandre de Moraes desequilibrava a balança eleitoral, já que Lula foi atacado de forma intensa durante três semanas pela peça publicitária dos presídios, o que fez com que sua rejeição subisse.

A propaganda os presídios foi derrubada por determinação do TSE. Mas o partido acha que isso foi insuficiente e pretende exercer também o direito de responder aos ataques.

Diante do impasse, uma nova reunião foi convocada para esta sexta (21).

Na noite de ontem, no entanto, um novo fato surgiu que colocou o PT sob pressão: a ministra Maria Cláudia Bicchianeri suspendeu a própria decisão de dar a Lula o direito a 184 inserções no tempo destinado a Bolsonaro –e remeteu o caso ao plenário.

Com isso, o partido passou a correr o risco de terminar sem tempo algum para responder aos ataques do presidente, pois o plenário pode derrubar definitivamente a decisão da magistrada.

Já Bolsonaro ganhou um novo direito de resposta, sobre o vídeo de Lula que dizia que o presidente quis fazer aborto quando soube que teria um de seus filhos.

Em uma entrevista à revista IstoÉ Gente, em fevereiro de 2000, Bolsonaro disse que o aborto “tem que ser uma decisão do casal”. E revelou já ter vivido esse dilema. “Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó”, afirmou o presidente, apontando para uma foto de Jair Renan, filho que ele teve com Ana Cristina Valle.

Por Mônica Bergamo

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