Advogados de Lula consultaram psicóloga para acusar Moro de ‘sede de poder’ na ONU
A conclusão da profissional, segundo eles, foi a de que o ex-juiz tem perfil psicológico autoritário e ambição de poder
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contrataram uma especialista em psicologia forense nos EUA para analisar o perfil psicológico de Sergio Moro (União Brasil), a quem sempre acusaram de comandar os processos contra o ex-presidente de forma parcial. A conclusão da profissional, segundo eles, foi a de que o ex-juiz tem perfil psicológico autoritário e ambição de poder.
As informações foram usadas por eles para sustentar, no Comitê de Direitos Humanos da ONU, a acusação de que o ex-juiz perseguiu Lula e não deu a ele o direito a um julgamento justo. Nesta semana, o órgão concluiu que Moro foi parcial.
“Queríamos ter a certeza de que estávamos fazendo uma análise de perfil adequada do ex-juiz perante o órgão, que é da maior importância”, diz o advogado Cristiano Zanin, que representa Lula.
“Era preciso trabalhar com suporte técnico sólido. Depois do parecer, assinado por uma das maiores psicólogas forenses dos EUA, pudemos ter a certeza de que Moro tinha de fato ambições políticas e sede de poder, o que o tempo provou ser verdadeiro”, segue o advogado. O nome da profissional é mantido em sigilo, por questões contratuais, afirma ele.
Em julho de 2016, Zanin e a advogada Valeska Teixeira Martins alertaram a ONU, em uma das peças apresentadas ao comitê, que Moro poderia passar a militar na política partidária e ser candidato a presidente da República. “Dificilmente há exemplo mais forte de parcialidade que este, um possível candidato presidencial atuar como juiz no caso de um candidato rival, com forte interesse na condenação (e, portanto, desqualificação) do candidato”, escreveram.
Quase seis anos depois, o ex-juiz entrou em um partido político e se lançou candidato à Presidência da República. Antes, foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Moro sempre negou que teve conduta parcial e que perseguiu Lula no julgamento. Em nota divulgada na quinta (28) em que comentou a decisão do comitê da ONU, o ex-magistrado afirmou que o órgão se baseou na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele foi, sim, parcial. E a definiu como “um grande erro judiciário”. Disse ainda que “nem mesmo o comitê nega a corrupção na Petrobras ou afirma a inocência de Lula”.
Por Mônica Bergamo