‘A democracia é inegociável’, diz Omar Aziz
Senador disse que Bolsonaro não tem o direito de usar a máquina pública para ameaçar a própria democracia que o elegeu
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, abriu a sessão desta terça-feira (10/8) criticando o presidente Jair Bolsonaro e o desfile de blindados que ocorreu em Brasília. Segundo ele, a democracia precisa ser respeitada e é inegociável.
Segundo Aziz, Bolsonaro não tem o direito de usar a máquina pública para ameaçar a própria democracia que o elegeu. Ele avalia que em dois anos e meio, o presidente colocou o país numa situação vexatória, degradou as instituições e rebaixou as Forças Armadas.
“O papel das Forças Armadas é defender a democracia, não ameaçá-la. Desfiles como esse serviram para mostrar força para conter inimigos externos que ameaçassem nossa soberania, o que não é o caso. As Forças Armadas jamais podem ser usadas para intimidar sua população, sem adversários, atacar a oposição legitimamente constituída. Não há nenhuma previsão constitucional para isso”.
Aziz também disse que o desfile é uma cena “patética” e que não representa uma demonstração de força e sim uma “ameaça de um fraco que sabe que perdeu”, afirmou, em referência à perspectiva de derrota da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados.
“Bolsonaro imagina com isso estar mostrando força, mas na verdade está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa que provoca mortes, fome e desemprego em meio a uma pandemia ainda sem controle”, disse.
“Todo homem público, além de cumprir suas funções constitucionais, deveria ter medo do ridículo. Mas Bolsonaro não liga para nenhum desses limites, como fica claro nessa cena patética de hoje, que mostra apenas a ameaça de um fraco que sabe que perdeu”, completou.
O presidente da CPI também fez um paralelo entre o desfile de blindados desta terça-feira e a tentativa do general Newton Cruz, em 1984, de atentar contra a emenda à Constituição que previa eleições diretas.
“Em 1984, eu estava em Brasília quando o general Newton Cruz colocou seu tanques contra o voto direto”, disse Omar Aziz.
“Está acontecendo de novo e o Congresso não pode se curvar a isso. É necessário tomar providências”, completou.
O presidente da CPI ainda afirmou que as providências precisam ser tomadas não apenas contra as autoridades que defendem ações golpistas mas também contra personagens da sociedade civil e mesmo veículos de mídia que defendam medidas antidemocráticas.
Outros membros da comissão, como Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Otto Alencar (PSD-BA), também se manifestaram contra o desfile dos blindados.
Por Raquel Lopes e Renato Machado