Diretor da Precisa nega ter pedido a Bolsonaro para interceder em favor da empresa
Bolsonaro enviou carta no início de janeiro ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi
Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, negou que tivesse pedido ao presidente Jair Bolsonaro para interceder junto ao governo da Índia para facilitar a negociação da compra da vacina indiana Covaxin, do instituto Bharat Biotech.
Bolsonaro enviou uma carta no início de janeiro ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no qual pede a liberação de duas milhões de doses da vacina AstraZeneca e também informa que a Covaxin faz parte do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
A carta foi enviada quando representantes da Precisa estavam na Índia.
“Eu, como diretor institucional, não [levei pedido ao presidente para interceder junto ao governo indiano]”, respondeu ao ser questionado do assunto.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) em seguida questionou se alguém da Precisa teria feito essa solicitação.
“Acredito que não”, completou.
Danilo Trento em seguida pediu para falar em privado com seus advogados e por isso a sessão foi suspensa por 5 minutos.
RELAÇÃO COM FAMÍLIA BOLSONARO
Danilo Trento afirmou que iria usar o seu direito ao silêncio, previsto em habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, para não responder a pergunta sobre qual seria a sua relação com a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Face ao silêncio do depoente, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que ele não estava respondendo porque “isso evidentemente o incrimina”, em referência ao fato de que o depoente pode evocar o silêncio em fatos que tenham potencial de o incriminar.
Na sequência, o depoente voltou atrás e respondeu que não tinha nenhum tipo de relação mais próxima.
“Não tenho relação com nenhum membro da família, apenas os conheço, alguns publicamente, outros em eventos”, respondeu.
Danilo Trento voltou a irritar os senadores, que o acusam de abusar do direito ao silêncio. O empresário, por exemplo, disse que não responderia pergunta sobre o endereço de uma de suas empresas.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) então disse que seria necessário começar a cogitar a hipótese de prisão. A fala ganhou o apoio improvável do governista Jorginho Mello (PL-SC), que momentos antes se envolveu em discussão acalorada com Renan Calheiros.
‘Vamos parar de perder tempo e vamos mandar prender’, afirmou o governista.
Por Renato Machado