Bolsonaro diz que 'exagerou' sobre botar cara no fogo por Milton Ribeiro, mas critica prisão – Mais Brasília
FolhaPress

Bolsonaro diz que ‘exagerou’ sobre botar cara no fogo por Milton Ribeiro, mas critica prisão

Presidente disse que não havia "materialidade" para a prisão e afirmou que "continua acreditando" no ex-ministro

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agencia Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (23) que “exagerou” ao afirmar que botaria a “cara no fogo” pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que foi preso na quarta (22), mas solto nesta quinta (23) por decisão da Justiça.

Apesar disso, o chefe do Executivo mudou mais uma vez de tom, defendeu Ribeiro e criticou a prisão dele, dizendo que ela foi determinada por um juiz que já deu outras decisões contrárias ao governo e que tenta “desgastar” sua gestão.

Bolsonaro disse que não havia “materialidade” para a prisão e afirmou que “continua acreditando” no ex-ministro.

“Eu falei lá atrás que botava a cara no fogo por ele. Eu exagerei, mas boto minha mão no fogo pelo Milton, assim como boto por todos meus ministros porque, pelo que conheço deles, vivência e etc, dificilmente alguém vai cometer um ato de corrupção”, disse em sua live semanal.

Na quarta, Bolsonaro havia dito que Ribeiro deveria responder pelos seus atos. “Ele que responda pelos atos dele, eu peço a Deus que não tenha problema nenhum”, disse o presidente, em entrevista à rádio Itatiaia de Minas Gerais. “Se a PF prendeu, tem um motivo, e o ex-ministro vai se explicar”, completou.

Ainda na entrevista de quarta, Bolsonaro disse que Ribeiro mantinha “conversa informal demais com algumas pessoas de confiança dele” e que isso poderia ter prejudicado o ex-ministro na negociação com prefeitos.

Dias antes de Ribeiro sair do governo, em março passado, Bolsonaro disse que colocava a “cara no fogo” pelo então titular do MEC, que é evangélico e pastor, mas diante das revelações perdeu o apoio até mesmo de integrantes da bancada evangélica no Congresso.

Na live desta quinta, Bolsonaro tentou isentar Ribeiro de culpa e disse que a investigação sobre o caso começou por iniciativa do próprio quando ainda estava à frente do Ministério da Educação.

O chefe do Executivo disse que “não tem nada demais” no áudio em que Ribeiro diz que priorizava pedidos de políticas públicas feitos pelo pastor Gilmar Santos.

“Foi uma conversa que ele falou publicamente, para várias pessoas: atendemos a todos os prefeitos, independente de partido, atendemos a todos. Agora, preferencialmente os indicados pelo pastor tal, para dar moral para ele, nada demais”, afirmou Bolsonaro.

O presidente disse que ficou “chateado” com a prisão e que a imprensa tentou colar nele a imagem de corrupto.

O mandatário deu a entender que o juiz que determinou a prisão, Renato Borelli, seria contrário ao governo porque foi o mesmo que mandou, em meio à pandemia da Covid-19, o chefe do Executivo ser multado a cada vez que fosse visto sem máscara em local público.

“Aí você vai ver o processo -me passaram, eu não vi -o Ministério Público Federal lá em Brasília foi contra a prisão. Geralmente o juiz segue isso daí. Por que foi contra: porque não tinha indício de prova”, disse.

Sobre a movimentação financeira na conta de Milton Ribeiro, Bolsonaro disse que, segundo o advogado do ex-ministro, ficou comprovado que a verba foi depositada para compra de um carro.

“Cada um pode ter R$ 50 mil na conta, R$ 100 mil na conta”, afirmou. E prosseguiu: “É movimentação atípica? É. Qualquer movimentação acima de R$ 10 mil é atípica. Mas ali era compra de um carro, não tinha materialidade nenhuma para prisão do Milton, mas serviu para desgastar o governo, fazer maldade para família do Milton. Se tiver algo de errado na vida do Milton, ele é responsável pelos seus atos, mas não posso desconfiar ou levantar suspeição contra ele de forma leviana”, afirmou.

Bolsonaro disse que “continua acreditando” no ex-ministro. “Você pode ver, não foi corrupção da forma que estávamos acostumados a ver em governo anteriores. O cara fez obra superfaturada, comprou material e não recebeu, superfaturou, nada disso. Foi de história de fazer tráfico de influência, é comum”, disse.

Por Matheus Teixeira