Senadores criticam aumento do preço da gasolina em sessão sobre combustíveis
Análise das matérias já foi adiada em três oportunidades
Os senadores criticaram nesta quinta-feira (10/3) o aumento de diesel, gás de cozinha e gasolina pela Petrobras anunciado no momento em que o Senado realizava a sessão para discutir os projetos que buscam conter a escalada do preço dos combustíveis.
Na avaliação de parlamentares, porém, a decisão da estatal deve ampliar o senso de urgência entre os congressistas para que as propostas sobre o tema sejam votadas nesta semana. A análise das matérias já foi adiada em três oportunidades.
O relator dos projetos, senador Jean Paul Prates (PT-RN), criticou o reajuste de 18,8% na gasolina e de 24,9% no diesel. “A gente está fazendo justamente o oposto. A oposição, o PT, o Senado estão trabalhando; a Petrobras está aumentando combustível”, disse.
Segundo ele, “infelizmente” o aumento ajuda na construção de um acordo para que o tema vá à votação nesta quinta-feira.
O líder do MDB, senador Eduardo Braga (MDB-AM), fez um apelo ao líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), para que o Executivo adote alguma medida que evite o aumento antes de o Legislativo votar as propostas sobre o tema.
“Eu espero, líder, que, diante de tudo que falamos aqui ainda há pouco e do esforço que estamos fazendo de entendimento, que o governo possa agir, porque ainda ontem nós mencionávamos que era preciso que a Petrobras aguardasse a votação que ocorreria no dia de hoje”, disse.
Gomes evitou responder ao pedido do colega, mas afirmou que as discussões envolvendo preço dos combustíveis representam “uma disputa de cabo de guerra que os dois lados caem”.
“Dizer que é justamente isso que estamos evitando no dia de hoje, fazendo a parte do Senado e da Câmara. Tenho certeza que esse conjunto de ações visa realmente parar essa sangria”, disse.
Na avaliação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), o aumento do preço é algo incontrolável. “Nós não podemos inviabilizar uma empresa global como a Petrobras reprimindo artificialmente o aumento de preço”, disse.
“Por outro lado, isso força o Congresso Nacional, Senado e Câmara, a enfrentar ainda hoje medidas que consigam ser amortecedoras desse aumento para o consumidor final. E é o que nós estamos fazendo”, acrescentou. “É preciso ter muito cuidado, acertar muito na calibragem dessas medidas, para elas não beirarem um intervencionismo exagerado e nem uma irresponsabilidade fiscal.”
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato ao governo do Rio, criticou o aumento. “Os brasileiros ganham em real, mas estão pagando gasolina e diesel cotados em dólar. Essa política de preços que Jair Bolsonaro manteve na Petrobras é um atentado contra o desenvolvimento do nosso país”, escreveu em uma rede social.
A alta anunciada pela Petrobras ocorre em um contexto de avanço das cotações do petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia.
No caso da gasolina, o reajuste para as distribuidoras é de 18,8%. O preço médio passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Para o diesel, o aumento é ainda maior, de 24,9%. O valor subirá quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51.
Por Matheus Teixeira, Idiana Tomazelli e Danielle Brant