Líder do governo nega relação pessoal com dono da Precisa
O parlamentar afirmou que o pagamento era legal, pois há uma portaria que prevê essa prática em casos envolvendo decisões judiciais
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), negou nesta quinta-feira (12/8) que tenha qualquer relação pessoal com Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, que negociou contrato para a venda da vacina Covaxin ao governo, e também da empresa Global, que aplicou calote no Ministério da Saúde quando o deputado era ministro.
Barros foi questionado pelo pagamento antecipado, quando era ministro, de R$ 20 milhões para a Global, que acabou não cumprindo o contrato e o cronograma de entrega de documentos para doenças raras. A Global é do mesmo grupo da Precisa Medicamentos.
O parlamentar afirmou que o pagamento era legal, pois há uma portaria que prevê essa prática em casos envolvendo decisões judiciais. Barros também afirmou não ter responsabilidade pela morte de pacientes portadores dessas doenças.
“Não se relacionam as mortes com a falta dos medicamentos. Fomos a 400 pessoas que tinham liminar e muitas foram a óbito mesmo com o medicamento. Eles [medicamentos] não curam, apenas melhoram a qualidade de vida”, afirmou.
Em relação à negociação para compra da vacina Covaxin, Barros afirmou que não participou do processo e nem mesmo foi procurado por representantes da empresa.
“Em nenhum momento ninguém ligado a esse laboratório me procurou para auxiliar na venda de vacinas para o Brasil, que é um objetivo de todos nós. Mas nesse caso nunca fui procurado”, disse.
O líder do governo também foi questionado sobre a tentativa de receber novamente pagamento antecipado, respondendo que deve ser o “modus operandi da empresa”, porque tentou em mais de uma gestão no Ministério da Saúde.
Vacinas aprovadas na Índia
Durante depoimento na CPI da Covid, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) foi questionado por que apresentou emenda em um projeto de lei para que vacinas aprovadas na Índia fossem também aceitas no Brasil.
Barros negou que a emenda visasse a favorecer a vacina indiana Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos.
“Fiz a proposição porque a Índia é a maior fabricante de vacinas no mundo, para que os estudos [clínicos feitos lá pudessem ser aproveitados pela Anvisa e pelo governo federal”, disse.
Em seguida, disse que não incluiu autoridades sanitárias de outros países na emenda, porque outros parlamentares já haviam feito isso.
“Eu nem sabia que a Precisa representava a Covaxin no momento da apresentação da emenda”, disse.
“Vocês não vão encontrar nada de ligação minha com a Covaxin. Podem continuar procurando”, completou.
Por Júlia Chaib e Renato Machado