Integrante da comitiva de Bolsonaro em Nova York recebe diagnóstico de Covid
Ele se sentiu mal na última sexta (17) e teve o diagnóstico no sábado (18)
Um integrante da comitiva que foi a Nova York para preparar a viagem do presidente Jair Bolsonaro para participar da Assembleia-Geral da ONU teve resultado positivo em um teste de coronavírus.
A informação foi antecipada pela CNN Brasil e confirmada pela Folha. O funcionário, que trabalha no cerimonial da Presidência, saiu do Brasil há cerca de dez dias para ajudar a planejar a logística da viagem.
Ele se sentiu mal na última sexta-feira (17) e teve o diagnóstico de Covid confirmado no sábado (18), um dia antes da chegada do presidente Bolsonaro aos EUA.
A ONU foi comunicada do ocorrido. À Reuters, um porta-voz da entidade disse que está em contato com a missão brasileira para tratar do assunto. Não está claro em quantas reuniões o funcionário infectado esteve nem se ele foi à sede da entidade nos últimos dias.
Pelo status que tem no governo, tudo indica que ele estava hospedado no mesmo hotel utilizado por Bolsonaro e sua comitiva. Depois que a contaminação foi confirmada, a pessoa foi isolada e ficará 14 dias em quarentena antes de voltar ao Brasil. Procurada pela Folha na manhã desta segunda-feira (20), a assessoria de imprensa da Presidência disse desconhecer o caso.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comentou que não sabia de eventos de contaminação na equipe, mas afirmou: “Estamos em pandemia, e coisas assim podem acontecer”.
Bolsonaro discursará na abertura da Assembleia-Geral, nesta terça (21). Para além do que ele planeja falar no plenário, a pandemia se tornou um dos temas centrais envolvendo sua presença no evento. Ao contrário de outros líderes mundiais, o presidente brasileiro afirma não ter se vacinado contra a Covid.
Inicialmente, a ONU distribuiu uma carta com orientações da cidade de Nova York sobre a necessidade de imunização para participar de eventos em locais fechados, o que incluía a sede da Assembleia-Geral.
No entanto, após críticas da Rússia, a entidade mudou de posicionamento.
O secretário-geral do órgão, o português António Guterres, disse que não teria como impedir líderes estrangeiros não imunizados de irem ao encontro, e a decisão foi formalizada na quinta (16).
Se tivesse sido mantida, a regra poderia impedir a entrada de Bolsonaro.
Em ao menos duas ocasiões recentes, o presidente repetiu que não tomou o imunizante. Em transmissão via redes sociais no dia 16, por exemplo, disse: “Depois que todo mundo tomar [a vacina], decido o meu futuro aí.” Já em Nova York, fez o mesmo ao se encontrar com o premiê britânico, Boris Johnson, nesta segunda.
Em evento paralelo, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, foi questionada sobre a possibilidade de a Assembleia-Geral da ONU ser um evento superpropagador do vírus. “Obviamente estamos tomando várias precauções, incluindo garantir que o presidente [americano, Joe Biden] seja testado. Ele obviamente está vacinado. Mas não há intenção de mudar os planos sobre discursar [presencialmente] lá”, disse.
Ainda que não tenha vetado a presença de não vacinados, a ONU estabeleceu uma série de protocolos para prevenir a disseminação do vírus no evento, entre as quais distanciamento social e restrição de público: poderão comparecer apenas funcionários da entidade e jornalistas que já trabalham no quartel-general da entidade e possuem um escritório ali. Não haverá plateia, e cada líder estrangeiro poderá levar uma delegação de seis pessoas às dependências, quatro das quais ao salão da assembleia.
O uso de máscara será exigido o tempo todo, exceto enquanto a pessoa estiver falando em reuniões.
Ao chegar ao evento, os participantes terão de atestar que não tiveram sintomas ou diagnóstico de Covid nos últimos 14 dias nem contato com pessoas que tiveram a doença. E, caso apresentem algum sintoma durante o evento, a orientação é que deixem de comparecer presencialmente.
Os protocolos adotados pela ONU são mais brandos do que os das Olimpíadas de Tóquio, que mantiveram os atletas em uma espécie de bolha e exigiram que tanto eles quanto os jornalistas cumprissem um período de isolamento anterior ao evento. Reportagem da Folha mostrou que os cuidados definidos pela entidade ajudam a reduzir o risco de contágio, mas não a evitá-los por completo.
Texto: Rafael Balago