Bolsonaro cita Auxílio Brasil a R$ 600, mas não oficializa aumento

No governo, o cálculo é de que o reajuste do benefício teria um custo de R$ 22 bilhões para o Tesouro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) citou o valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil, mas não oficializou o aumento, durante discurso feito em evento realizado hoje (24) em João Pessoa (PB).

“Vivemos momentos difíceis no mundo. Uma inflação, aumento de preços, que atinge o mundo todo. Como a imprensa está anunciando que o Auxílio Brasil vai passar de R$ 400 para R$ 600. Só aqui na Paraíba mais de R$ 1,5 milhão recebem o Auxílio Brasil”, disse o presidente, sem cravar o reajuste no valor do programa social.

Segundo apuração da colunista do UOL Carla Araújo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, bateu o martelo quanto à ampliação do auxílio em R$ 200, para R$ 600 por mês. No governo, o cálculo é de que o reajuste do benefício teria um custo de R$ 22 bilhões para o Tesouro.

Os recursos, conforme uma fonte ouvida pela coluna, serão cobertos por dividendos extraordinários a serem recebidos pela União este ano -ou seja, dividendos pagos por estatais acima do que estava previsto no Orçamento.

Na sequência, ainda durante a cerimônia, Bolsonaro também traçou comparação com o extinto Bolsa Família. “E, diferentemente, do Bolsa Família… lá atrás, com o Bolsa Família, quem fosse trabalhar perdia o benefício. Com o Auxílio Brasil pode trabalhar, que não vai perder”, afirmou Bolsonaro.

A história, no entanto, não é bem assim: o benefício continua por dois anos, mas não indefinidamente. E também depende do salário que o trabalhador recebe.

No caso do Auxílio Brasil, a regra de emancipação dá aos beneficiários a possibilidade de permanecerem no programa desde que a renda familiar mensal por pessoa não supere R$ 525 -duas vezes e meia o valor que limita a linha da pobreza (R$ 210). Essa possibilidade é válida tanto para contratados com carteira assinada quanto para autônomos.

O Bolsa Família foi um programa de transferência de renda criado na gestão do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula e Bolsonaro devem concorrer às eleições presidenciais em outubro.

Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra 47% das intenções de voto para Lula e 28% para Bolsonaro. Considerando só os votos válidos, 53% a 32%, números que dariam a vitória no primeiro turno ao petista.

Lula segue com larga vantagem em relação a Bolsonaro no Nordeste -a segunda região mais populosa do Brasil e local onde o chefe do Executivo discursou nesta sexta-feira. Na briga pela Presidência da República, o petista derrota o principal adversário por 58% a 19%.

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