UE especula vacinação obrigatória, e mortes por Covid na Alemanha chegam a maior nível em 9 meses – Mais Brasília
FolhaPress

UE especula vacinação obrigatória, e mortes por Covid na Alemanha chegam a maior nível em 9 meses

Regras de saúde pública no bloco europeu são decididas pelos governos nacionais

Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A vacinação obrigatória não deve ser descartada como política pública para defender a população da União Europeia (UE), disse nesta quarta (1ª) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Regras de saúde pública no bloco europeu são decididas pelos governos nacionais, e, na terça (30), a Grécia anunciou que passará a multar residentes de 60 anos ou mais que não se imunizarem até 16 de janeiro. Já a Áustria pretende tornar compulsória a vacina anti-Covid a partir de fevereiro.

O comentário da líder do Executivo da UE vem no mesmo dia em que a Alemanha registrou o maior número de mortes por Covid dos últimos nove meses. O Instituto Robert Koch, a agência federal de controle de doenças do país, relatou 446 novas mortes pela doença nesta quarta -maior cifra diária desde 18 de fevereiro.

A taxa de incidência da doença nos últimos sete dias por 100 mil habitantes, porém, caiu pelo segundo dia consecutivo: 442,9, contra 452,2 na terça (30).

Epidemiologistas locais afirmam que, se seguir assim, o país ainda pode ter 6.000 pessoas com Covid em tratamento de terapia intensiva até o feriado do Natal, independentemente das medidas de mitigação que as autoridades tomem nos próximos dias.

Von der Leyen pediu aos 27 países-membros do bloco europeu que ampliem a porcentagem de habitantes imunizados e acelerem a aplicação de doses de reforço. Também considerou aceitável que, enquanto não há evidências científicas sobre o efeito da variante ômicron, governos exijam de viajantes testes negativos para Sars-Cov-2, mesmo nas viagens internas à UE, como vem fazendo Portugal.

Questionada por repórteres sobre a obrigatoriedade da imunização, respondeu: “Temos as vacinas, que salvam vidas, mas não estão sendo usadas adequadamente em todos os lugares. E este é um custo enorme para a saúde. Pensar sobre a vacinação obrigatória na União Europeia, isso precisa ser discutido. Isso precisa de uma abordagem comum, mas é uma discussão que acho que deve ser cumprida”.

A presidente da Comissão Europeia ressaltou ainda que, na média, um quarto dos adultos e um terço da população total do bloco ainda não foi vacinada. Isso equivale a 150 milhões de pessoas, número que considerou excessivo mesmo descartando crianças e os que não podem receber a injeção por motivos médicos. Vacinas fabricadas pela Pfizer estarão disponíveis para crianças da UE a partir de 13 de dezembro, uma semana antes do prazo inicial previsto.

“A grande maioria poderia [tomar a vacina], portanto acho compreensível e adequado conduzir essa discussão agora”, afirmou. Von der Leyen, como vários líderes do bloco, disse que sistemas de saúde estão ficando sob pressão com a quarta onda de Covid que já dura mais de um mês, e que a nova cepa pode piorar o quadro.

Quatro pessoas no sul da Alemanha receberam diagnóstico de Covid com a variante ômicron, embora já estivessem com esquema vacinal completo, segundo anunciado também nesta quarta. Três dos infectados tinham viajado para a África do Sul recentemente, e a quarta pessoa é familiar de um deles.

O futuro premiê alemão, Olaf Scholz, afirmou nesta terça que o país vai discutir a possível obrigatoriedade da vacina -atualmente, 68% dos alemães tomaram as duas doses-, mas reforçou que decisão do tipo cabe ao Bundestag, o Parlamento do país. De acordo com o social-democrata, a medida deveria começar a valer até, no máximo, o início de março do próximo ano.​

Os dois primeiros casos da nova cepa também foram confirmados na Noruega em pessoas que viajaram recentemente para a África do Sul, informaram as autoridades da cidade de Oeygarden, no oeste do país. O município de cerca de 40 mil habitantes passa pelo aumento do número de infecções, e a Noruega anunciou o retorno do uso de máscaras em locais lotados, bem como a aceleração das doses de reforço.

Já na Dinamarca, a autoridade de segurança sanitária disse que uma pessoa infectada com a ômicron participou de um show do DJ Martin Jensen no sábado (27), na cidade de Aalborg. O país tem quatro casos da nova variante confirmados até o momento.

Por Ana Estela de Sousa Pinto