Submarino que levava turistas ao Titanic desaparece no Atlântico
Guarda Costeira dos EUA confirma que a embarcação tinha cinco pessoas; missão de busca está em andamento
Um submersível que era utilizado em uma expedição de turismo para explorar os destroços do Titanic desapareceu nesta segunda-feira (19), na costa sudeste do Canadá, no oceano Atlântico. Segundo a Guarda Costeira dos Estados Unidos, a embarcação estava com cinco pessoas.
A OceanGate Expeditions, empresa responsável pela embarcação, disse em um breve comunicado que está “mobilizando todas as opções” para resgatar as pessoas desaparecidas.
“Todo o nosso foco está nos membros da tripulação do submersível e suas famílias”, diz a nota. “Estamos profundamente gratos pela ampla assistência que recebemos de várias agências governamentais e empresas de alto mar em nossos esforços para restabelecer o contato com a embarcação.”
Em entrevista coletiva durante a tarde desta segunda-feira, o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos EUA, disse que as operações de resgate estão sendo realizadas com aeronaves americanas e canadenses, além de boias equipadas com sonares na água para tentar localizar a embarcação.
De acordo com Mauger, o último contato do submersível foi após 1h45 de mergulho —a embarcação tem oxigênio para até 96 horas de navegação. “É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, disse.
A família do bilionário britânico Hamish Harding disse que ele estava a bordo do submersível. Na véspera da expedição, ele publicou em suas redes sociais uma foto em que aparece assinando seu nome em uma bandeira com o logotipo da missão.
“Tenho orgulho de finalmente anunciar que me juntei à OceanGate como especialista em missão no submarino descendo ao Titanic. Devido ao pior inverno em Newfoundland em 40 anos, esta missão provavelmente será a primeira e única tripulada ao Titanic em 2023. Uma janela meteorológica acaba de se abrir e vamos tentar um mergulho amanhã”, escreveu o empresário britânico. Não está claro se o desaparecimento do submersível está diretamente relacionado a algum evento climático.
A OceanGate Expeditions cobra US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga em suas expedições de oito dias para ver os restos do transatlântico. O submersível pode acomodar cinco pessoas —além do piloto, comporta três passageiros (pagantes) e um “especialista em conteúdo”.
A empresa está hoje operando sua quinta missão da “Expedição Titanic” em 2023. A viagem atual estava programada para começar na semana passada e terminar na quinta. “Os exploradores qualificados têm a chance de ingressar na expedição como membros da tripulação na missão”, diz o site da OceanGate.
A empresa explica ainda que seus clientes recebem “uma orientação da embarcação e instruções de segurança” e diz que não exige nenhuma experiência prévia de mergulho, mas que há “alguns pré-requisitos físicos” —embora não esteja claro quais são. A expedição começa em Newfoundland, no Canadá, antes de se dirigir por aproximadamente 600 km no Atlântico até o local dos destroços.
Para ver o famoso navio afundado, os passageiros embarcam no submersível Titan. A embarcação leva duas horas para descer em águas profundas até o Titanic, segundo a agência de notícias Reuters.
O Titan é uma embarcação tripulada projetada para levar cinco pessoas a profundidades de até 4.000 metros (13.123 pés). É utilizado para inspeção, pesquisa, coleta de dados, produção de filmes e testes de de hardware e software em alto mar.
Classificado como um submersível, já que não funciona como uma embarcação autônoma, é considerado mais leve e econômico do que outros veículos do gênero, segundo o site da Ocean Gate. “O Titan é fácil de operar em vários estados do mar usando um navio local de tamanho apropriado para o projeto. Em águas costeiras, não precisamos de um grande navio de apoio”.
O presidente da OceanGate, Stockton Rush, disse ao New York Times no ano passado que a exploração privada era necessária para continuar alimentando o “fascínio público pelo local do naufrágio” e pela história do Titanic. Em maio, a empresa divulgou a primeira varredura digital em tamanho real do Titanic, com imagens inéditas em 8K, realizada a partir de várias expedições submarinas entre agosto e setembro.
As imagens fornecem uma projeção 3D única de todo o navio, permitindo a visualização do que restou do transatlântico como se a água tivesse sido drenada. A expectativa é que isso lance uma nova luz sobre o que exatamente aconteceu com o navio mais famoso do mundo.
“Ainda há perguntas básicas que precisam ser respondidas sobre o navio”, diz Parks Stephenson, historiador especialista no Titanic, à BBC News. Segundo ele, o modelo foi “um dos primeiros grandes passos para levar a história do Titanic a uma pesquisa baseada em evidências —não em especulação”.
A varredura foi realizada pela Magellan Ltd, empresa de mapeamento de águas profundas, e pela Atlantic Productions, que está fazendo um documentário sobre o projeto. As imagens mostram tanto a escala do navio quanto alguns detalhes minuciosos, como o número de série de uma das hélices.
A proa, agora coberta de estalactites de ferrugem, ainda é imediatamente reconhecível mesmo mais de cem anos após o naufrágio do navio. No convés do Titanic, um buraco aberto fornece um vislumbre de um vazio onde ficava a grande escadaria, por exemplo. “Elas permitem observar os destroços como nunca pudemos ver de um veículo submersível. Pode-se vê-los em sua totalidade, em contexto e perspectiva. Trata-se do verdadeiro estado dos destroços”, acrescenta Stephenson.
Os veículos submersíveis, controlados remotamente por uma equipe a bordo de um navio especializado, passaram mais de 200 horas examinando o comprimento e a largura dos destroços. Eles tiraram mais de 700 mil imagens de todos os ângulos, criando uma reconstrução 3D exata.
Navio de passageiros britânico, o Titanic afundou em sua viagem inaugural de Southampton a Nova York após bater num iceberg, em 1912. Dos 2.200 passageiros e tripulantes a bordo, mais de 1.500 morreram.
Por outro lado, nas redes sociais, há quem não acredite na história conhecida do Titanic. No aplicativo TicTok, um usuário escreveu: “O Titanic nunca afundou!!!”. A postagem teve mais de 11 milhões de visualizações antes de ser removida neste ano no aplicativo. A história foi imortalizada em livros de ficção e não ficção, bem como no filme “Titanic”, de 1997. A obra do cineasta James Cameron foi um enorme sucesso e é considerada uma das produções mais premiadas da história, ao ganhar 11 Oscar.
Com The New York Times e Reuters