Risco de Covid é ‘muito alto’ sem aumento de prevenção, diz centro europeu

Metade dos países não exige o uso de proteção facial

O Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC) divulgou nesta quarta (24) um alerta de risco “muito alto” de Covid em dezembro e janeiro no continente, se não houver aumento na vacinação e intensificação de políticas públicas de prevenção.

De acordo com a diretora do órgão, Andrea Ammon, as campanhas de imunização tiveram êxito em reduzir hospitalizações e mortes neste ano, “mas ainda existem subpopulações e grupos etários em que a cobertura permanece abaixo do desejado, mesmo em países que alcançaram uma boa cobertura geral de vacinação”.

Ela afirma que os países europeus precisam se “concentrar urgentemente em fechar essa lacuna de imunidade, oferecer doses de reforço a todos os adultos e reintroduzir medidas não farmacêuticas”, como uso de máscaras faciais e distanciamento físico.

De acordo com levantamento do centro, até a primeira semana deste mês o uso de máscara era obrigatório em todos os espaços públicos em apenas 3 dos 30 países -Chipre, República Tcheca e Romênia. Em outros 12, a obrigação se restringe a espaços fechados. Metade dos países não exige o uso da proteção facial.

Desde outubro, Letônia, Holanda e Áustria reimpuseram confinamentos temporários, com trabalho remoto e fechamento do comércio não essencial, para reduzir a circulação. Alemanha, Itália e França são alguns dos países europeus que elevaram as restrições para os residentes não completamente imunizados.
O risco aumenta com as festas de final de ano, diz Andrea, porque viagens e reuniões em ambientes fechados se intensificam.

Até meados de novembro, haviam tomado todas as doses necessárias de vacina 65,5% da população total e 76,5% dos adultos dos 30 países acompanhados pelo ECDC (os 27 da União Europeia, mais Noruega, Islândia e Liechtenstein).
Se a proteção não for ampliada, os modelos de análise do centro preveem um grande número de internações por Covid de não vacinados, principalmente os de grupos de risco, por terem doenças que reduzem sua capacidade de combater as infecções.

O ECDC também recomenda a aplicação de uma dose de reforço da vacina em todos os adultos de 18 anos ou mais, com prioridade para os que têm mais de 40 anos. O objetivo é compensar a perda de proteção dos imunizantes contra o contágio, reduzindo o potencial de transmissão.
A dose de reforço é recomendada seis meses após completar o esquema primário, no mínimo -a Itália, porém, anunciou que encurtará esse intervalo para cinco meses.

Segundo o balanço mais recente da OMS (Organização Mundial da Saúde), durante a semana de 15 a 21 de novembro de 2021, os 53 países que ela inclui em sua região europeia tiveram aumento de 11% em novos casos semanais, enquanto as outras regiões relataram uma diminuição ou estagnação em relação à da semana anterior.

O número de mortes na semana cresceu 3% em relação aos sete dias anteriores, e ocorreram na Europa 6 de cada 10 mortes ligadas a Covid no mundo, nesse período. Na terça (23), a seção europeia da OMS alertou para a possibilidade de mais 700 mil óbitos até março, se a atual tendência for mantida.
Os dados do ECDC mostram que hospitalizações e internações em UTIs por causa da Covid aumentaram desde outubro na maioria dos países acompanhados, após um declínio em agosto e setembro de 2021.

“Isso foi impulsionado pela circulação da variante delta em populações não satisfatoriamente vacinadas e após um relaxamento generalizado de intervenções não farmacêuticas”, diz o relatório publicado nesta quarta.
Embora os números mais recentes mostrem que a taxa de mortes pela doença seja em geral menor nos países em que há porcentagens maiores de imunizados, o ECDC diz que há evidências de aumento da carga de Sars-Cov-2 mesmo entre os países com maior aceitação.

Por Ana Estela de Sousa Pinto 

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