Portugal emprestará coração de dom Pedro 1º para festas da independência do Brasil
Antes da viagem, ainda será necessário um acerto formal entre a diplomacia dos dois países
Portugal aceitou o pedido feito pelo governo brasileiro e vai emprestar o coração de dom Pedro 1º para as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil. O anúncio foi feito nesta quarta (22) por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, cidade onde está o coração do antigo imperador.
Segundo ele, a data da viagem ainda não foi definida -o coração deve ser transportado em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), com as despesas pagas pelo governo brasileiro. “O relatório de perícia ainda não está concluído, mas já foi assegurado que o coração poderá ser transladado temporariamente ao Brasil, mediante exigência de transporte em ambiente pressurizado”, disse Moreira em entrevista coletiva.
Antes da viagem, ainda será necessário um acerto formal entre a diplomacia dos dois países.
O pedido de empréstimo foi revelado pelo embaixador brasileiro George Prata, um dos coordenadores das comemorações do bicentenário. A justificativa é a importância atribuída à figura de dom Pedro. Primeiro imperador do Brasil, ele é conhecido pelos brasileiros como Pedro 1º, e, em Portugal, como dom Pedro 4º.
O coração encontra-se preservado em formol, protegido por cinco chaves, na igreja da Lapa. Devido à fragilidade do material, seu manuseio e exibição são bastante restritos. Ainda que o corpo de dom Pedro 1º esteja guardado no parque da Independência, no complexo do Museu do Ipiranga, em São Paulo, o coração ficou no Porto a pedido do próprio monarca, que expressou o desejo em testamento.
A decisão foi tomada como um reconhecimento ao papel que a cidade teve na luta que dom Pedro travou com os exércitos de seu irmão mais novo, dom Miguel, pelo trono de Portugal. Dom Pedro 1º abdicou do trono brasileiro menos de uma década depois da Independência, em abril de 1831.
Em meio à instabilidade política no Brasil e na Europa, decidiu voltar à Europa para reconquistar a coroa para sua filha, Maria da Glória, reconhecida como herdeira legítima pelas monarquias do continente.
Assim, Portugal mergulhou numa sangrenta guerra civil, entre as tropas absolutistas, de dom Miguel, e as liberais, de dom Pedro.
O Porto, mesmo sitiado por mais de um ano, resistiu e foi crucial para a vitória de Pedro 1º, que morreria de tuberculose meses após o fim do conflito, em setembro de 1834, aos 35 anos.
Por Guiuliana Miranda