Mais de 100 corpos seguem sem identificação após desastre ferroviário na Índia
Autoridades fazem apelo para familiares ajudarem a reconhecer cadáveres mantidos em hospitais e necrotérios
Mais de cem corpos seguem sem identificação após o desastre ferroviário na Índia que deixou 288 mortos e mais de 1.200 feridos. Nesta terça-feira (6), as autoridades indianas fizeram apelos às famílias para ajudar na identificação dos cadáveres não reclamados e mantidos em hospitais e necrotérios.
Bijay Kumar Mohapatra, diretor de saúde do estado de Odisha, disse que tenta conseguir câmaras frias para preservar os corpos. “A menos que sejam identificados, as autópsias não podem ser feitas”, disse ele.
As autoridades locais promovem medidas para auxiliar famílias em busca de amigos e parentes. Maior hospital de Bhubaneswar, a capital de Odisha, o All India Institute of Medical Sciences disponibilizou uma lista com as características de cada corpo e colocou fotos das vítimas em telas de TV. Assim, os parentes puderam ver as fotos, “por mais horríveis que fossem”, como definiu um policial, para identificar entes.
O desastre ocorreu na sexta (2), quando o Expresso Coromandel atingiu um trem de carga parado, saltou os trilhos e atingiu outro trem que passava na direção oposta. O acidente foi causado por um erro no sistema de sinalização eletrônica, segundo o ministro das Ferrovias da Índia, Ashwini Vaishnaw.
Perto do balcão de informações da estação de Balasore, Parbati Hembrum era uma das mães em busca de notícias sobre o paradeiro do filho. Gopal, 20, viajou no Expresso Coromandel com outros três amigos.
De acordo com informações de amigos, Gopal foi internado no hospital Balasore depois do acidente, mas não foi encontrado no local —ele teria recebido alta no mesmo dia. Apavorada com a falta de contato, Hembrum afirma que viajará para a capital de Odisha para procurá-lo entre os mortos.
Outra pessoa em busca de informações é Mohammed Imam Ul Haq, que tenta encontrar seu irmão e reivindicar o corpo de seu sobrinho de 12 anos. “Não temos outra opção a não ser fazer um teste de DNA para determinar de quem é o corpo. Todo o processo leva muito tempo. Espero que possamos recuperar o corpo em breve”, disse Haq, no All India Institute of Medical Sciences.
O Expresso Coromandel, que liga Calcutá a Chennai, havia recebido luz verde para circular na estrada principal, mas teria sido desviado por um erro de um controlador para uma via em que um comboio de mercadorias estava parado, com o qual colidiu a uma velocidade de 130 km/h. Três vagões foram deixados na pista adjacente, atingindo a traseira de um trem de passageiros de Bangalore para Calcutá.
Essa segunda colisão foi a que causou mais danos, de acordo com o jornal Times of India.
Trata-se do pior acidente ferroviário na Índia desde 1995, quando uma colisão entre dois expressos perto de Agra, cidade onde fica o Taj Mahal, causou mais de 300 mortes.
O acidente mais mortal da história da Índia ocorreu em 6 de junho de 1981 no estado oriental de Bihar, quando sete vagões de trem caíram de uma ponte no rio Bagmati, matando entre 800 e 1.000 pessoas.