Justiça argentina acusa brasileiro e namorada e diz que ataque a Cristina foi planejado
Formalização fala em ação em comum acordo; Fernando Sabag negava envolvimento de Brenda Uliarte
A namorada do brasileiro que tentou matar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também responderá por tentativa de homicídio, divulgou a Justiça nesta quarta-feira. O anúncio vem um dia após o suspeito, Fernando Sabag Montiel, dizer que Brenda Uliarte não está envolvida no atentado.
Mas, segundo a acusação, o ataque foi planejado pelos dois. Uliarte, 23, aliás, estava próxima de Sabag, 35, durante o atentado e passou na porta da casa de Cristina, no bairro da Recoleta, dias antes da ação de seu namorado. Não há, porém, detalhes sobre o que ela fez na região.
Além disso, a polícia argentina destaca que ambos tinham a arma do crime desde agosto de 2021. Na terça (6), a imprensa argentina divulgou fotos da jovem com uma pistola na cintura –o registro é de 8 de maio.
Investigadores apontam que a arma seria a mesma usada por Sabag na quinta (1º) e que o cenário dos registros se assemelha ao último endereço dele, o que contradiz a informação de que ela se mudou para lá em agosto. Os dois não tinham autorização para portar a pistola.
As imagens foram encontradas no cartão SIM do celular do brasileiro. O aparelho em si teve os dados aparentemente apagados enquanto estava sob análise da polícia, o que motivou uma investigação à parte.
As acusações contra Uliarte foram lidas durante o depoimento da jovem à juíza do caso, María Eugenia Capuchetti, na noite de terça. Na ocasião, Uliarte negou a participação no atentado e apenas respondeu às perguntas de seu advogado, de forma a fazer sua defesa. A jovem disse que não concorda com o ataque e que o considera abominável, ainda que fale em divergências políticas com Cristina.
Sabag, por sua vez, se recusou a responder às perguntas da Justiça por duas vezes –nesta terça e horas após o atentado. A polícia investiga se mais pessoas participaram da decisão de atacar Cristina, embora não acredite que se trate de uma grande organização.
De acordo com a agência estatal argentina Télam, o casal foi também acusado de estocar duas caixas de munição, sendo que cada uma continha 50 cartuchos automáticos calibre 32. O material foi apreendido na sexta (2) após busca e apreensão no apartamento de Sabag.
Outras fotos acessadas pelos investigadores mostram o brasileiro segurando uma arma semelhante à utilizada no ataque perpetrado contra Cristina e munições correspondentes às usadas no atentado. O brasileiro teria as balas há um ano.
Ainda segundo a Télam, o casal falsificou atestados de invalidez no Ministério da Saúde da Argentina antes do atentado –os documentos, que tinham os nome dos dois, foram encontrados no apartamento de Sabag. São incertas as relações da falsificação com o episódio.