Itália resgata quase 700 migrantes na costa sul e encontra cinco mortos
A maioria dos 674 migrantes foi resgatada em um barco de pesca a quase 200 quilômetros da costa da Calábria, a "bota" do território italiano
Quase 700 migrantes foram resgatados neste sábado (23/7) na costa sul da Itália, segundo comunicado emitido pela guarda costeira do país neste domingo (24), em uma demonstração do crescimento do fluxo migratório no
Mediterrâneo durante condições favoráveis do mar. As autoridades também encontraram cinco corpos de migrantes mortos a bordo em circunstâncias desconhecidas da embarcação.
A maioria dos 674 migrantes foi resgatada em um barco de pesca a quase 200 quilômetros da costa da Calábria, a “bota” do território italiano. Eles foram transferidos para cidades portuárias na Sicília e na Calábria, e os cinco cadáveres foram levados ao necrotério do hospital do município de Messina.
Mais de 34 mil requerentes de asilo e migrantes chegaram à Itália desde o começo deste ano, cifra superior aos 25,5 mil registrados no mesmo período de 2021, segundo o Ministério do Interior da Itália.
Países mediterrâneos que fazem parte das principais rotas para a Europa esperam receber mais de 150 mil migrantes neste ano, já que a escassez de alimentos provocada pela Guerra da Ucrânia ameaça uma nova onda migratória da África e do Oriente Médio.
Na manhã deste domingo, o navio de bandeira norueguesa Ocean Viking avistou um bote de borracha superlotado nas águas internacionais na costa da Líbia e resgatou 87 pessoas, incluindo 57 menores desacompanhados, informou a embarcação no Twitter.
Em outro episódio, no sábado, o navio de busca e resgate da ONG alemã Sea-Watch resgatou mais de 400 migrantes, incluindo várias crianças e duas mulheres grávidas, que viajavam em quatro barcos lotados. Segundo a Sea-Watch, o mar calmo e a falta de vento ajudaram a chegada de migrantes à costa italiana.
Em Lampedusa, na madrugada deste domingo, 522 pessoas de Afeganistão, Paquistão, Sudão, Etiópia e Somália chegaram à ilha, a maioria a bordo de cerca de 15 barcos da Tunísia e da Líbia. Trata-se de um desafio para o centro de acolhimento local, que tem capacidade para abrigar 250 pessoas e hoje recebe 1.200 pessoas, de acordo com a agência italiana de notícias Ansa.
A rota migratória do Mediterrâneo Central é a mais perigosa do mundo. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima em 990 o número de mortos e desaparecidos desde o início deste ano.
Esse aumento de chegadas durante o verão no Hemisfério Norte coincide com um período de grande incerteza política na Itália, após a renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi por perder o apoio de dois partidos de seu governo de unidade nacional.
O presidente da República, Sergio Mattarella, dissolveu o Parlamento e marcou as eleições para 25 de setembro, nas quais o partido de ultradireita Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto.
Neste domingo, o líder da formação direitista Liga, Matteo Salvini, lamentou a chegada de “411 imigrantes ilegais em poucas horas a Lampedusa”. “Em 25 de setembro, os italianos finalmente poderão escolher a mudança: pelo retorno da segurança, coragem e controle de fronteiras”, escreveu ele no Twitter.