Haiti calcula perdas após terremoto e teme chegada da tempestade Grace
Evento sismo deixou ao menos 304 mortos e 1,8 mil feridos no sábado (14/8)
Um dia após o terremoto que deixou ao menos 304 mortos e 1.800 feridos no Haiti, autoridades locais calculam os danos causados e estão em alerta para os possíveis impactos da tempestade tropical Grace, prevista para chegar ao país caribenho no início da semana.
No sábado (14/8), após divulgar o balanço inicial da extensão dos danos causados pelo sismo de magnitude 7,2, a Direção Geral de Proteção Civil haitiana anunciou que a tempestade já se aproximava do arquipélago das Antilhas e pediu que a população fique atenta às recomendações das autoridades.
A República Dominicana, país fronteiriço com o qual o Haiti divide a ilha de Hispaniola, emitiu um alerta de tempestade tropical. O Centro de Operações de Emergência do país prevê que fortes chuvas, ventos, inundações e deslizamentos de terra são esperados nas costas sul e norte.
A depender dos impactos, a tempestade Grace poderia aprofundar a já frágil situação haitiana. A última avaliação parcial registrava 160 mortes no departamento do Sul, 100 em Grand-Anse, 42 em de Nippes e 2 no Noroeste – todos no sudoeste do país.
A infraestrutura rodoviária está danificada devido aos deslizamentos de terra causados pelo terremoto, e vários edifícios, como hotéis, igrejas e hospitais, com a estrutura destruída ou comprometida.
Durante a madrugada, bombeiros e civis trabalharam para vasculhar prédios destruídos em busca de parentes e amigos presos nos escombros. À agência de notícias Reuters, haitianos disseram que passariam a noite dormindo ao ar livre, com receio de que um novo tremor pudesse atingir o país.
Horas após o primeiro terremoto, o país foi atingido por um novo sismo, de menor intensidade, com magnitude 5,8. Não há informações de novas mortes.
Ao longo da tarde de sábado, o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, sobrevoou as partes mais afetadas do país para mensurar os danos e decretou estado de emergência com duração prevista para um mês. “Devemos mostrar muita solidariedade. Vamos agir rapidamente”, escreveu em uma rede social.
Esse é o primeiro grande desafio que Henry, um neurocirurgião, enfrenta à frente do país. No cargo há pouco menos de um mês, ele fora indicado por Jovenel Moïse, presidente haitiano morto a tiros em 7 de julho por um grupo de mercenários – as investigações ainda se desenrolam.
O papa Francisco expressou solidariedade aos haitianos durante a oração na Praça de São Pedro neste domingo (15/8). “Envio minhas palavras de alento aos sobreviventes, esperando que a comunidade internacional se mobilize em seu favor e que a solidariedade de todos possa atenuar a consequência da tragédia”, disse o pontífice.
A ajuda internacional já começa a chegar ao país. No sábado, um grupo de 34 resgatistas do Corpo de Bombeiros de Quito, no Equador, chegou para ajudar os haitianos. Eles compõem o Grupo de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas, com conhecimentos em meteorologia, e contam com equipe de busca canina e tecnológica.
Um grupo de 253 médicos cubanos que residem no Haiti também se deslocou para a área do terremoto com o objetivo de adequar a estrutura de um hospital atualmente usado para pacientes com Covid-19.
A um canal estatal de Cuba, Luis Olivero Serrano, chefe da brigada, informou que ainda há muitas pessoas embaixo dos escombros e que os cubanos estão em contato com o Ministério de Saúde haitiano para preparar um hospital na capital, Porto Príncipe. “Preparamos um hospital que é de traumatologia e que está sendo usado para pacientes de Covid. Estamos fazendo a desinfecção e preparação para as cirurgias”, afirmou.
Foram transmitidas imagens da região de Jeremias, capital do departamento de Grande Enseada, um dos mais afetados pelo terremoto, que mostram médicos cubanos atendendo aos feridos nas ruas. Várias pessoas tinham as roupas rasgadas e estavam cobertas de pó dos escombros.
Já no sábado, o Itamaraty confirmou que não há brasileiros entre as vítimas da tragédia.
De acordo com informações do jornal haitiano Le Nouvelliste, o Ministério do Planejamento e Cooperação Externa do país se organiza para coordenar a ajuda humanitária de outros países e organizações não governamentais.
Junto ao Ministério da Economia e Finanças e à Administração Geral da Alfândega, a pasta organiza uma medida para facilitar as formalidades e o desembaraço aduaneiro para produtos relacionados à ajuda humanitária.