Europa registra primeiro caso de nova variante de Covid
O coronavírus mutante foi identificado em uma jovem não vacinada
O governo belga anunciou o primeiro caso conhecido na Europa de Covid provocado pela nova variante ômicron (B.1.1.529), que pode ser mais contagiosa.
Segundo o Ministério da Saúde, o coronavírus mutante foi identificado em uma jovem não vacinada que desenvolveu sintomas semelhantes aos da gripe 11 dias depois de passar pelo Egito e pela Turquia.
Segundo pesquisadores da cidade de Leuven, onde o vírus foi sequenciado, a paciente tinha carga viral elevada quando recebeu o diagnóstico.
Enquanto fecham seus aeroportos para impedir a chegada da variante ômicron, governos europeus também apertaram mais uma vez nesta sexta (26) restrições contra a já preocupante onda de inverno de Covid no continente.
Na Alemanha, o número de leitos de UTI ocupados por doentes com coronavírus dobrou em uma semana, passando de 2.000 para 4.000, levando o país a discutir novas restrições para conter a disseminação da doença.
O Instituto Robert Koch, a agência federal de controle de doenças da Alemanha, pediu que os governadores do país considerem a possibilidade de aprovar um lockdown nacional, para conter mais rapidamente o número de novos casos de Covid-19.
“Precisamos imediatamente de uma redução maciça de contatos entre as pessoas”, disse o diretor do IRK, Lothar Wieler, ao anunciar que a taxa de contágio no país saltou 44% em uma semana.
Mesmo que não houvesse novas infecções, o governo alemão já previa um crescimento de 1.000 ocupantes nas UTIs, elevando a ocupação do país a cerca de 25%. Cirurgias não urgentes foram canceladas para liberar leitos e funcionários.
Uma reunião entre governos estaduais e federal está prevista para 9 de dezembro, mas o ministro da Saúde, Jens Spahn, pediu que ela seja antecipada. “Esperar dez dias neste momento é uma temeridade.”
A preocupação com a nova onda de inverno da Covid não se restringe à maior economia europeia, que nesta semana já havia apertado as restrições para não vacinados. Na Bélgica, o premiê Alexander De Croo descreveu o quadro como “muito pior que o pior dos cenários”, ao justificar mais restrições além das anunciadas na semana passada.
Após ver o número de leitos de UTI ocupados dobrar em uma semana, o governo belga restringiu encontros, ampliou a exigência de máscaras e anunciou uma aceleração do reforço de vacinação, com prioridade para professores, além de idosos e doentes com sistema imunológico comprometido.
Casas noturnas e bares serão fechados por quatro semanas, a partir deste sábado (27), e haverá um toque de recolher às 23h para restaurantes, nos quais cada mesa poderá ter no máximo seis clientes. A obrigação de trabalhar em casa quatro dias por semana foi prorrogada de 12 para 19 de dezembro.
Na Espanha, a Catalunha se juntou às outras regiões e tornou obrigatórios os certificados digitais para frequentar bares, restaurantes, asilos e outros locais públicos.
O governo holandês, que já havia tornado mandatório o uso de máscaras e vetado público em estádios, anunciou novas restrições no começo da noite desta sexta, após o número de novos casos crescer 40% em uma semana, pressionando o sistema público de saúde.
Entre as medidas está determinar o fechamento de restaurantes, bares e do comércio não essencial às 17h, reduzir a lotação máxima desses locais e estimular o teletrabalho. “O país inteiro vai ficar fechado das 17h às 5h”, disse o premiê Mark Rutte. “Os números diários estão mais e mais altos. Não conseguiremos sair dessa situação só com pequenos ajustes.”
A Suíça estuda fazer neste domingo um plebiscito para que os eleitores decidam que autonomia pode ter o governo nacional para agir contra a pandemia -por exemplo, se pode exigir certificado digital para frequentar lugares públicos em todo o país.
Em Portugal, um dos países que mais avançaram suas campanhas de vacinação, com mais de 80% dos habitantes imunizados, máscaras voltaram a ser obrigatórias nos espaços fechados, certificado de vacina será exigido para entrar em restaurantes e testes negativos para Sars-Cov-2 serão obrigatórios para entrar em asilos e hospitais.
Por Ana Estela de Sousa Pinto