Entrada na COP26 só é permitida com teste diário de Covid; conheça protocolos – Mais Brasília
FolhaPress

Entrada na COP26 só é permitida com teste diário de Covid; conheça protocolos

Todos os participantes, mesmo vacinados, devem apresentar o resultado negativo de um teste

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Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasil

As mais de 25 mil pessoas que participam em Glasgow da COP26 (26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática das Nações Unidas), de 31 de outubro a 12 de novembro, já foram avisadas de que será redobrado o controle contra a transmissão do coronavírus.

A extensa lista de regras foi divulgada em inglês, árabe, chinês, francês, russo e espanhol. No começo deste mês, todos os já registrados tiveram que refazer sua declaração de saúde e concordar expressamente com o regulamento da “maior reunião política já realizada no Reino Unido”.

O protocolo sanitário rigoroso é em parte resposta a pressões feitas por entidades, governos e moradores de Glasgow para que a reunião deste ano fosse virtual. O presidente da COP26, Alok Sharma, defende que a gravidade da crise climática exige negociações presenciais.

“Estamos tomando todas as medidas para garantir que a COP seja segura para os participantes e para o povo de Glasgow”, disse ele.
Como a Escócia receberá visitantes de todo o mundo, uma exceção foi aberta para aceitar todas as marcas de vacinas utilizadas, mesmo que elas não tenham sido autorizadas pelas autoridades de saúde britânicas.

Há países, no entanto, que ainda não iniciaram suas campanhas de imunização, e o governo britânico prometeu vacinar de graça os delegados nesses caso s. Houve cerca de mil pedidos e, segundo a organização, “centenas” já haviam recebido as duas doses recomendadas.

Ainda assim, todos os participantes, mesmo que completamente vacinados, devem apresentar o resultado negativo de um teste PCR feito no máximo 72 horas antes do embarque para o Reino Unido, preencher o formulário de localização e fazer um segundo teste até 48 horas após a chegada.

Para entrar no Scottish Event Campus (SEC), o complexo às margens do rio Clyde onde acontecem as negociações, chamado de Zona Azul, será preciso fazer testes diários de coronavírus do tipo rápido.
Segundo a organização, além dos testes diários, cujos resultados precisam ser mostrados nas catracas, deve haver testes por amostragem nos locais de reuniões e conferências.

A recomendação é que quem tiver qualquer sintoma se isole imediatamente e faça um teste PCR. Se o resultado for positivo, será preciso ficar de quartentena de quatro a dez dias e o transporte público não deve ser usado.

As regras de prevenção não terminam aí: será preciso manter uma distância de um metro de qualquer outra pessoa, “medida de ombro a ombro”, de acordo com as especificações.
Para garantir o afastamento, é proibido tirar móveis de seus lugares e haverá marcações no chão onde for preciso ficar em fila. A ocupação de auditórios será reduzida e o mesmo pode acontecer com a duração de algumas reuniões.

Máscaras são obrigatórias em lugares cobertos, exceto em reuniões de negociação (a não ser que o distanciamento seja impossível), escritórios e durante as refeições. “A orientação e a prática das Nações Unidas recomendam que as coberturas faciais sejam cirúrgicas ou FFP2”, diz o regulamento.

Os organizadores montaram uma força-tarefa de faxineiros para desinfetar as salas entre cada reunião e fazer limpezas pesadas uma vez por dia. “Pedimos aos participantes que terminem os encontros no horário marcado para permitir que os times de limpeza tenham tempo para fazer seu valoroso trabalho”, diz o código de conduta da COP.

Desrespeito às regras anti-Covid pode levar a suspensões e até à perda da credencial, segundo o secretariado do UNFCCC (Convenção Quadro da ONU Sobre o Clima).
Entre as possíveis infrações estão deixar a quarentena antes da hora, falsificar os resultados dos testes ou o certificado de vacina e não cumprir orientações de isolamento no caso de suspeita de contaminação.

Além das providências necessárias para atender as regras anti-Covid, a falta de vagas de hospedagem dificultou a vida de participantes desta COP.
A organização fez parcerias com hotéis e hospedarias, mas, há dois meses do início da conferência, já não havia mais quartos vagos. Custavam mais de 8.000 euros (mais de R$ 50 mil) as opções mais baratas para as 13 noites do evento, preço maior que o dobro do usual.

A inflação atingiu também imóveis das plataformas de aluguel, como Airbnb. Os apartamentos mais baratos disponíveis em setembro cobravam, durante a COP26, 14 mil euros (mais de R$ 90 mil).
Mesmo quem se antecipou e garantiu a acomodação com antecedência acabou sendo surpreendido:

integrantes de ONGs brasileiras relataram à Folha que tiveram suas reservas canceladas no começo deste mês, porque o proprietário recebera uma oferta pelo quádruplo do preço combinado antes.
A explosão de preços fez com parte dos delegados preferisse se hospedar em Edimburgo, a cerca de 50 minutos de Glasgow, por trem expresso.

Segundo jornais britânicos, algumas delegações optaram por se hospedar em navios de cruzeiro, ancorados no rio Clyde. As duas embarcações já confirmadas têm, juntas, mais de 5.500 lugares.
Autoridades de saúde britânicas temem, porém, que o alojamento em navios aumente o risco de contágio de coronavírus.

Na última semana, o secretário de saúde da Escócia, Humza Yousaf, disse que um aumento no número de casos de Covid durante a COP é praticamente inevitável, e que o governo escocês cogita impôr mais restrições.

“Não há nenhum especialista em saúde pública no mundo que diga que não há risco, em meio a uma pandemia global, de dezenas de milhares de pessoas se concentrando numa cidade. Mas faremos tudo o que pudermos para mitigar isso”, afirmou ele à BBC.
O número de novos casos de Covid na Escócia parou de cair no começo deste mês, e está em cerca de 2.500 por dia, na média da última semana. O número de mortes diárias está estável há um mês, em cerca de 17 por dia, na média.

A COP acontece, porém, num momento de forte pressão política sobre o governo britânico para que reimponha medidas como uso de máscara e trabalho em casa, por causa de um aumento no contágio na Inglaterra.

Texto: Ana Estela de Sousa Pinto