Enchentes na República Democrática do Congo deixam 120 mortos
Os danos foram observados principalmente em áreas com encostas íngremes e moradias precárias
Inundações na República Democrática do Congo deixaram ao menos 120 pessoas mortas nesta terça-feira (13/12) após chuvas intensas na capital, Kinshasa. O número de vítimas consta de um documento do Ministério do Interior do país africano obtido pela agência de notícias Reuters.
As enchentes também causaram danos graves à infraestrutura urbana e bloquearam o acesso a importantes ruas da cidade de cerca de 17 milhões de habitantes. Os danos foram observados principalmente em áreas com encostas íngremes e moradias precárias.
Imagens publicadas no Twitter pelo porta-voz do governo, Patrick Muyaya, mostraram uma estrada parcialmente afundada. Segundo ele, o primeiro-ministro do país, Jean-Michel Sama Lukonde, foi ao local para acompanhar a avaliação dos danos, assim como autoridades locais.
A estrada N1 -ou Rodovia Nacional 1-, uma das mais importantes da região da capital, que liga a cidade a municípios vizinhos, foi praticamente dividida em duas no distrito de Mont-Ngafula, intrigando os moradores. Os trabalhos de reparo para a reabertura completa da rodovia devem consumir ao menos quatro dias, de acordo com o governo.
Muyaya afirmou que “várias dezenas de compatriotas” morreram. A contagem de vítimas continuaria durante a madrugada, pelo horário local. As TVs locais citavam cerca de cem, e o ministro da Saúde, Jean-Jacques Mbungani Mbanda, apresentou à Reuters o número de 141.
Entre as vítimas estão nove pessoas de uma mesma família, que morreram após a queda da casa em que viviam no bairro de Ngaliema, a oeste da capital. “Tentamos escoar a água e pensamos que não havia mais perigo quando fomos dormir, mas, pouco depois, uma parede desabou”, disse um parente à agência AFP. O governo decretou três dias de luto nacional.
O premiê afirmou que o maior problema causado pelas chuvas foi o desabamento de casas, acelerado por deslizamento de terra.
Córregos e o sistema de esgoto de Kinshasa transbordaram, fazendo com que várias ruas ficassem inundadas. O mesmo ocorreu no bairro de Gombe, no norte da capital, que, além de prédios residenciais, abriga muitas embaixadas e representações diplomáticas.
Segundo analistas, a rápida e mal regulamentada urbanização tornou Kinshasa cada vez mais vulnerável a chuvas intensas. Antes uma vila de pescadores às margens do rio Congo, a capital da República Democrática do Congo se tornou uma das megacidades africanas.
Autoridades argumentaram que grande parte da destruição aconteceu em casas construídas em áreas sem permissão. “Os moradores não têm documentos”, disse à Associated Press Dieumerci Mayibazilwanga, prefeito de Mont-Ngafula. “São expulsos, mas sempre voltam.”
Pierrot Mantuela, 30, morador da região que perdeu a mãe, a filha de 9 anos e três irmãos durante as inundações, descreveu o episódio à agência de notícias como uma calamidade. “É muito difícil ver todos os membros da minha família morrerem”, disse ele, que estava trabalhando na noite de segunda (12), quando as chuvas começaram.
Em 2019, ao menos 39 pessoas morreram na região quando temporais inundaram distritos e derrubaram prédios e estradas. Mont-Ngafula também foi um dos locais mais afetados na ocasião, mas moradores dizem que o impacto nesta semana é bem pior.