Dólar salta 1% ante real com recuperação da moeda no exterior
Apetite por risco tomou conta dos mercados com sinalizações de política monetária
O dólar saltava cerca de 1% contra o real nos primeiros negócios desta quinta-feira (5/5) acompanhando recuperação da moeda norte-americana no exterior conforme investidores digeriam a recente sinalização de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central americano).
No Brasil, o mercado avaliava a decisão do Banco Central de elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,75%, e indicar ajuste de menor magnitude nos juros em seu próximo encontro.
Às 9h06 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,99%, a R$ 4,9506 na venda.
Na B3, às 9:06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,55%, a R$ 4,9890.
A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 1,26%, a R$ 4,9020.
Os mercados tiveram um dia positivo para os ativos de maior risco na quarta-feira (4), com alta das ações nas Bolsas de Valores e enfraquecimento do dólar.
O bom humor dos investidores refletiu principalmente a decisão de política monetária nos Estados Unidos.
Mais do que a decisão em si, o que mais trouxe alívio ao mercado, contudo, foi a sinalização transmitida pela autoridade monetária sobre os próximos passos no processo de aumento dos juros.
Presidente do Fed, Jerome Powell disse em entrevista coletiva após a decisão que os dirigentes não estão considerando aumentar o ritmo de alta da taxa de juros neste momento.
Havia no mercado até então uma percepção crescente entre os agentes de que o BC americano poderia passar a elevar os juros em 0,75 ponto percentual, frente à persistência da pressão inflacionária na região.
“O Fed indicou que uma alta de 0,75 ponto percentual não está sendo considerada para o próximo encontro em junho”, diz Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos.
Os principais índices acionários das Bolsas americanas, que haviam iniciado a sessão passada no campo negativo, passaram a subir com força logo após as indicações transmitidas pelo Fed.
O S&P 500 avançou 2,99% e o Dow Jones teve ganhos de 2,81%, enquanto o Nasdaq, onde se concentram as empresas de tecnologia, valorizou 3,19%. O avanço de quase 3% do S&P 500 foi o maior desde 18 de maio de 2020.
Cena local Na Bolsa de Valores brasileira, o índice amplo Ibovespa também foi atingido pela onda de otimismo dos mercados após o Fed e igualmente reverteu a tendência de queda observada no início da sessão. O índice terminou o pregão passado com ganhos de 1,70%, aos 108.343 pontos.
Da mesma forma, o dólar igualmente reverteu a tendência de alta observada antes da decisão do Fed e passou a depreciar frente ao real na tarde de quarta-feira.
No fechamento, a divisa norte-americana marcava queda de 1,22%, cotada a R$ 4,9030 para venda.
Após o encerramento dos negócios no mercado local, e em linha com as expectativas, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) elevou a taxa básica de juros (Selic) novamente em 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano. É a maior taxa desde fevereiro de 2017.
O movimento aumenta, ainda mais, a atratividade de títulos de renda fixa, em especial daqueles pós-fixados, que passam a oferecer um rendimento maior a cada alta da Selic.
No comunicado divulgado junto à decisão, a autoridade monetária sinalizou a continuidade do ciclo de alta dos juros, mas em uma intensidade menor. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude”, disse o Copom.
“O risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos parece ter sido o principal motivador para o Copom sinalizar nova alta na próxima reunião, ao invés de parar já nesta reunião”, afirma Claudio Pires, diretor de investimentos da Mongeral Aegon Investimentos.
O especialista prevê um novo aumento de 0,5 ponto percentual no encontro do Copom de junho, com a Selic em 13,25% ao final do ciclo de alta dos juros.
Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, as decisões monetárias no Brasil e nos Estados Unidos vieram em linha com o esperado.
“Mantemos a projeção do dólar a R$ 5, uma vez que a alta dos juros nos Estados Unidos não será mais forte que o esperado e por aqui os juros estarão suficientemente altos para manter o carrego favorável ao real”, afirma Perfeito.
Analista de renda fixa da Suno Research, Vinicius Romano diz que os títulos pós-fixados são os maiores beneficiados pela decisão do Copom, já que a sua rentabilidade é atrelada à taxa Selic. “Ou seja, quanto mais os juros subirem, melhor para essa classe.”