Dólar sobe, ações e petróleo caem enquanto Covid avança na China
Lockdown em Xangai gera temor de nova ruptura nas cadeias de abastecimento
Temores sobre os efeitos do lockdown no coração financeiro da China afundaram os mercados na Ásia e os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil na abertura dos negócios desta semana, indicando dificuldades para a Bolsa brasileira nesta segunda-feira (11/4).
O futuro do Ibovespa recuava antes da abertura das negociações, acompanhando um dia majoritariamente negativo no exterior. Na abertura do mercado de câmbio, às 9h22, o dólar comercial subia 0,40%, cotado a R$ 4,7320. Na semana passada, a taxa de câmbio avançou 0,87%.
Na China, o índice que segue as ações das principais empresas listadas em Xangai e Shenzhen desabou 3,03%. A segunda foi igualmente ruim na Bolsa de Hong Hong, que despencou 3,09%.
Diante do avanço dos casos de Covid-19, autoridades chinesas submetem os 26 milhões de habitantes de Xangai a rigorosas regras de restrição de mobilidade.
A política sanitária de Pequim mira zerar as infecções. Investidores temem que o efeito colateral seja uma nova desorganização das cadeias de abastecimento e paralise economias que ainda tentam se recuperar das piores fases da pandemia.
O preço do petróleo Brent caía 3,35%, a US$ 99,34 (R$ 471,93). Com essa cotação, o barril se aproxima dos US$ 99,08 do fechamento de 24 de fevereiro, dia em que tropas russas invadiram a Ucrânia. Preocupações sobre a restrição que a guerra poderia impor à oferta da commodity fizeram o preço de referência do petróleo bruto escalar aos US$ 127,98, em 8 de março.
Neste momento, além do lockdown na China, os preços do petróleo também são empurrados para baixo pela decisão dos Estados Unidos e de outros países de liberar milhões de barris de suas reservas estratégicas. A medida busca frear a inflação.
O mau humor também era sentido no mercado de minério de ferro, cujos contratos mais negociados estavam em queda no início desta manhã.
Nos Estados Unidos, os índices futuros caíam antes da abertura do mercado, enquanto os rendimentos dos títulos de referência do Tesouro escalavam ao maior patamar desde 2019.
Investidores começam a buscas proteção na renda fixa diante das sinalizações de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá elevar juros de forma mais agressiva e reduzir suas posições em títulos.
Por Clayton Castelani