Disputa por sucessão de Boris Johnson terá 8 candidatos, com secretários como favoritos – Mais Brasília
FolhaPress

Disputa por sucessão de Boris Johnson terá 8 candidatos, com secretários como favoritos

Pelas regras, a partir desta quarta, os candidatos concorrem entre si pelo voto dos parlamentares conservadores

Foto: Arquivo Agência Brasil

A corrida pelo lugar de Boris Johnson como líder do Partido Conservador e primeiro-ministro do Reino Unido começou para valer nesta terça-feira (12/7), com a desistência de três nomes que tinham lançado pré-candidaturas e dois favoritos recebendo apoios públicos de políticos proeminentes.

Boris deve ficar no cargo até o final do pleito. O Comitê 1922, colegiado responsável pela disputa, divulgou no fim da tarde (14h de Brasília) a lista final de oito postulantes. A primeira votação está prevista para esta quarta (13), e para participar dela os candidatos deveriam reunir ao menos 20 indicações entre os 358 parlamentares conservadores.

Grant Shapps, Sajiv Javid e Rehman Chishti retiraram seus nomes antes dessa etapa. Com isso, permanecem no páreo Kemi Badenoch, Suella Braverman, Jeremy Hunt, Penny Mordaunt, Rishi Sunak, Tom Tugendhat, Liz Truss e Nadhim Zahawi.

Ex-secretário de Finanças e um dos detonadores do estopim que levou à renúncia de Boris na semana passada, após uma série de escândalos, Sunak lançou sua campanha apoiado pelo vice-primeiro-ministro e secretário de Justiça, Dominic Raab, e por Shapps, titular dos Transportes.

Em seu discurso, enalteceu o papel de Boris como premiê e repetiu que um eventual corte de impostos só ocorrerá quando a inflação, em 9,1%, estiver controlada. A proposta vai na contramão de outros concorrentes, que defendem o corte imediato das taxas como resposta ao aumento do custo de vida.

“Precisamos ter uma conversa adulta sobre a questão central desta eleição a que todos os candidatos devem responder: você tem um plano confiável para proteger nossa economia e fazê-la crescer?”, disse Sunak.

Uma das que defendem o corte de impostos é Truss, hoje secretária de Relações Exteriores. Sem realizar um ato para lançar oficialmente a candidatura, ela viu seu nome ser endossado pelos secretários Jacob Rees-Mogg (Brexit) e Nadine Dorries (Cultura), dois políticos próximos a Boris e pertencentes à ala mais rígida dos pró-saída da União Europeia.

De papel de destaque no envolvimento diplomático britânico na Guerra da Ucrânia, Truss é a principal face do governo por trás do projeto de lei em tramitação que permite ao Reino Unido desobedecer trechos do Protocolo da Irlanda do Norte, assinado com a UE no acordo do brexit. “Ela é a melhor candidata, uma verdadeira eurocética. E acredita em baixa tributação”, afirmou Rees-Mogg.

“Muitos conservadores calculam que ela seja a pessoa que pode bater Sunak”, afirma Daniel Gover, professor de política britânica da Queen Mary University of London. “No momento, Sunak está em uma posição forte, com grande apoio no partido. Mas isso não significa que vá ganhar porque, no formato da disputa, muitos votam em um nome para barrar outro.”

Pelas regras, a partir desta quarta, os candidatos concorrem entre si pelo voto dos parlamentares conservadores. Avançam para a disputa de quinta-feira aqueles que obtiverem ao menos 30 votos. Em seguida, novas votações são realizadas, com a eliminação dos candidatos com menos votos, um a um, até que restem dois. A expectativa é que esse processo seja finalizado até o dia 21, antes do início do recesso de verão no Parlamento.

A campanha, então, continuará entre os cerca de 200 mil membros do Partido Conservador, que escolhem o vencedor. O nome do próximo primeiro-ministro deve ser anunciado no dia 5 de setembro.

Por Michele Oliveira