Brasileiro é o 1º infectado com Covid a receber pílula da Pfizer em Israel

O economista Simcha Neumark, 33 nasceu em São Paulo e mora em Jerusalém desde 2013

Um brasileiro foi o primeiro infectado com Covid-19 a ser tratado em Israel com o medicamento paxlovid, da Pfizer, contra o novo coronavírus.

O economista Simcha Neumark, 33, que nasceu em São Paulo e mora em Jerusalém desde 2013, foi diagnosticado com a doença na sexta-feira (31/12). No domingo (2/01), ele foi escolhido para ser o primeiro a receber o remédio após procurar seu plano de saúde.

“Logo após o diagnóstico, eu fiquei com uma febre muito alta, muita dor de garganta e dores de cabeça terríveis. Mas, algumas horas depois de tomar as primeiras pílulas, já senti uma melhora incrível”, disse Neumark.

“Foi um milagre de Deus. Não consigo explicar como me sinto melhor. Umas 15 horas depois eu já estava sem febre e sem dor de garganta. Um mundo completamente diferente. Para mim, ajudou demais”, acrescentou ele.

O pioneirismo rendeu a Neumark, que é casado e tem três filhos, aparições em programas de TV e rádio locais para relatar a experiência.

O economista afirmou que tem Doença de Crohn e que, por isso, segundo ele, as vacinas contra Covid-19 não resultaram na criação de anticorpos. Ele disse ter sido vacinado cinco vezes, três em Israel e duas no Brasil –ele costuma viajar para o país a trabalho.

Neumark afirmou ter tomado cuidado desde o começo da pandemia para não contrair a doença. Mas Israel passa por uma quinta onda de Covid desde que o primeiro caso da variante ômicron foi detectado, em 1º de dezembro de 2020.

Em algumas semanas, o país passou de uma quase normalidade para cerca de 10 mil casos diários. A expectativa é que esse número alcance 20 mil em breve.

“Não sei como peguei. Trabalho em home office e praticamente não saio de casa”, afirmou Neumark. “Na semana passada, participei de uma reunião presencial pela primeira vez em muito tempo e, sem saber que já estava com ‘corona’ e ainda sem nenhum sintoma, infectei quatro pessoas.”

Para estancar a nova onda, o governo do primeiro-ministro Naftali Bennett aposta nas vacinas, assim como o governo anterior, de Benjamin Netanyahu, fez há um ano.

Desta vez, Bennett aposta na quarta dose da vacina, aprovada para maiores de 60 anos na semana passada e já disponível gratuitamente.

Nesta terça (4/01), o premiê anunciou que a primeira pesquisa sobre a quarta dose, realizada no Centro Médico Sheba, o maior hospital do país, demonstrou que ela aumentou em cinco vezes o nível de anticorpos em pessoas que foram imunizadas com a terceira dose há mais de quatro meses.

Bennett também tem tentado motivar pais a vacinarem seus filhos de 5 a 11 anos, mas a campanha de vacinação de crianças só começou a ganhar fôlego com a chegada da ômicron e a adoção de novas restrições para não vacinados.

Atualmente, 72% da população já tomou pelo menos uma dose. Além disso, 46% das pessoas já receberam a terceira dose, considerada essencial para um esquema vacinal completo e com direto a emissão de um “passe verde” para entrada em locais como cinemas, teatros, lojas e restaurantes.

Israel é um dos primeiros países do mundo a ministrar o paxlovid a infectados com o novo coronavírus, após o Ministério da Saúde aprová-lo, seguindo a aprovação da Agência de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA na sigla em inglês).

O remédio, que chegou ao país na última quinta-feira (30), começou a ser distribuído no domingo apenas para pessoas nos estágios iniciais da doença e com comorbidades, para tentar evitar que sejam hospitalizados.

Segundo autoridades médicas, o primeiro carregamento continha 20 mil pacotes a US$ 350 a unidade. Israel assegurou a chegada de 100 mil doses. Até o momento, poucos doentes receberam o remédio, enviado diretamente a suas casas.

O paxlovid é um remédio da Pfizer para doentes a partir dos 12 anos de idade que estejam em estágio inicial de Covid. Ele foi testado em 2.250 pacientes com quadros leves ou moderados de coronavírus. Menos de 1% dos que tomaram a droga tiveram que ser internados e não houve mortes no estudo de 30 dias conduzido pela farmacêutica. No grupo que recebeu apenas um placebo, 6,5% dos pacientes foram hospitalizados e nove morreram.

O tratamento consiste em ingerir três pílulas duas vezes por dia por cinco dias. Duas são de paxlovid e outra é de um medicamento antiviral diferente.

Israel também aprovou o medicamento contra Covid da farmacêutica americana Merck (no Brasil, MSD), o molnupiravir, mas ainda não recebeu o primeiro carregamento da droga.

Apesar da preocupação quanto à alta capacidade de disseminação da ômicron, especialistas têm demonstrado otimismo em relação às consequências da variante, que parecem menos graves.

Em Israel, o número de hospitalizações e mortes não acompanha nem de longe o de infecções. Nos últimos sete dias, uma pessoa morreu devido ao coronavírus. Menos de 120 pacientes estão hospitalizados em estado grave em todo o país.

Por Daniela Kresch

 

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