Bombardeio atinge área residencial e deixa ao menos 13 mortos em Zaporíjia, diz Ucrânia

Ataque acontece um dia depois de explosão destruir parte da ponte estratégica que conecta o território russo à Crimeia

Ao menos 13 pessoas morreram e outras 87 ficaram feridas, entre as quais dez crianças, durante um bombardeio neste domingo (9/10) que atingiu áreas residenciais em Zaporíjia, região no sul da Ucrânia que a Rússia diz ter anexado mesmo sem deter o controle total.

O ataque aconteceu um dia depois de uma explosão destruir parte da ponte estratégica que conecta o território russo à península da Crimeia, ameaçando a linha de suprimento russa —a estrutura é considerada rota crucial de abastecimento para as tropas do Kremlin no país invadido.

O episódio da véspera desencadeou uma guerra de versões, embora nenhuma das partes tenha culpado o outro com todas as letras. Neste domingo (9), a Kiev acusou a Rússia pela ofensiva, e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, prometeu que os envolvidos na ação serão responsabilizados.

“Zaporíjia novamente. Ataques impiedosos contra pessoas pacíficas novamente. Em prédios residenciais, bem no meio da noite”, escreveu Zelenski nas redes sociais. “Mesquinharia absoluta. Mal absoluto. Selvagens e terroristas. Daquele que deu essa ordem a todos que a cumpriram. Eles vão assumir a responsabilidade diante da lei e das pessoas”.

Oleksandr Starukh, governador da região de Zaporíjia, afirmou que pelo menos 12 mísseis foram disparados de aviões. Autoridades ucranianas relataram que o bombardeio danificou casas, blocos de apartamentos e centros educacionais. Um prédio de nove andares foi parcialmente destruído.

Das 87 pessoas feridas, 60 tiveram de ser hospitalizadas. No prédio de nove andares, a operação de resgate foi dificultada por um incêndio que começou nos escombros, segundo Starukh. “Retiramos as pessoas rapidamente e já salvamos oito, mas quando o fogo começa, as pessoas [sob os escombros] praticamente não têm chance de sobreviver, pois não há oxigênio”.

Equipes de emergência isolaram a área e cavam escombros numa tentativa de encontrar outros sobreviventes. No bloco do prédio que não desmoronou completamente, aparelhos eletrodomésticos ficaram expostos e pendurados na fachada. Carros próximos da área também ficaram destruídos.

Foi o terceiro ataque em poucos dias à região considerada estratégica na Guerra da Ucrânia. Na quinta (6), um míssil destruiu um prédio residencial de cinco andares na cidade de Zaporíjia, matando ao menos três pessoas e deixando vários residentes presos sob os escombros. Antes, a Ucrânia chamou de “cínico” um ataque também atribuído à Rússia contra um comboio de carros civis, que deixou ao menos 30 mortos.

A Rússia ainda não se manifestou sobre o bombardeio deste domingo em Zaporíjia, mas tem negado reiteradamente ter civis como alvos durante o que chama de “operação militar especial” no país vizinho.

A cidade de Zaporíjia, capital da região homônima, permanece sob controle ucraniano. O município considerado estratégico fica a 52 km da maior usina nuclear da Europa, ocupada por Moscou e que tem provocado temores devido ao potencial de catástrofe radioativa em decorrência do conflito.

No mês passado, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) informou que combates na região violaram “a integridade física” da usina. Diante do aumento de tensão, Putin ordenou na quarta (5) que a instalação seja assumida pela estatal russa Rosatom.

Também neste domingo, mergulhadores devem avaliar os danos causados pela explosão na ponte que liga a Rússia à Crimeia. Uma análise detalhada deve se concluída até o fim do dia.

“A situação é administrável. É desagradável, mas não fatal”, disse o governador russo da Crimeia, Serguei Aksyonov. “É claro que as emoções foram desencadeadas e há um desejo saudável de se vingar.”

O Ministério dos Transportes da Rússia disse que trens de carga e de passageiros de longa distância estavam funcionando normalmente neste domingo. O tráfego rodoviário permanece limitado.

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