Atentando contra Trump: o que se sabe até agora
Quase 48h depois da tentativa de assassinato do ex-presidente, autoridades avançaram nas investigações, mas ainda não têm as respostas para todas as perguntas
Quase 48h depois da tentativa de assassinato do ex-presidente americano Donald Trump em um comício na Pensilvânia, ainda há diversas perguntas em aberto. Até agora, as investigações lideradas pelo FBI revelaram as identidades do atirador e das vítimas colaterais, incluindo um homem que morreu tentando proteger a família dos disparos, e mostrou avanços sobre o modus operandi da ação. A motivação por trás do ataque, porém, segue sem resposta.
Em um pronunciamento à nação no domingo, o presidente Joe Biden elencou uma série de medidas para reforçar a segurança do seu oponente na corrida eleitoral, incluindo uma revisão independente das investigações. O democrata — que disputa a Casa Branca com Trump em novembro — também cobrou as autoridades para revisarem as medidas de segurança durante a Convenção Nacional Republicana, na qual o magnata será oficialmente nomeado candidato do partido pelos delegados que conquistou nas primárias. O evento acontecerá em Milwaukee, Wisconsin, com início nesta segunda-feira e duração até quinta.
Quem era o atirador?
As autoridades policiais identificaram Thomas Matthew Crooks, jovem de 20 anos da cidade de Bethel Park, na Pensilvânia, como o franco-atirador que tentou matar o ex-presidente. Crooks havia se formado há dois meses na Faculdade Comunitária do Condado de Allegheny em Ciências da Engenharia, segundo funcionários da instituição. Ele trabalhava como assistente de nutrição no Centro de Enfermagem e Reabilitação Bethel Park Skilled.
Relatos de antigos colegas de escola indicaram que Crooks sofria bullying por ter dificuldades de se encaixar, mas que parecia um garoto inteligente. Em coletiva, autoridades do FBI disseram não ter encontrando indicativos de que ele sofria algum tipo de transtorno mental.
O FBI não encontrou também nenhuma evidência de condutas ameaçadoras on-line ou vínculos com uma ideologia específica — embora ele estivesse registrado como eleitor do Partido Republicano. A rede social Discord disse ter identificado e excluído uma conta ligada ao atirador. “Ela raramente era utilizada, não era usada há meses e não encontramos nenhuma evidência de que tenha sido usada para planejar esse incidente, promover a violência ou discutir suas opiniões políticas”, disse a empresa em comunicado.
De acordo com Kevin Rojek, oficial do FBI em Pittsburgh que está liderando a investigação, as autoridades acreditam que Crooks — que foi morto por atiradores de elite — agiu sozinho e que não há outras ameaças à segurança pública.
Modus operandi do ataque
Crooks se posicionou no telhado de um prédio nas cercanias do local do comício. No momento em que Trump discursava para apoiadores, ouviu-se os disparos — oito, segundo contabilização do New York Times — e o ex-presidente se abaixou, sendo protegido por agentes do Serviço Secreto. Trump foi atingido levemente na orelha direta, ainda não se sabe se por um projétil ou por estilhaços, e levantou-se já sangrando.
Segundo o FBI, Crooks usou um fuzil AR-15 semiautomático comprado legalmente. A arma foi encontrada no local do crime, ao lado do corpo do atirador. Investigadores encontraram um dispositivo suspeito quando revistaram o carro do jovem. Ele foi inspecionado por técnicos em bombas, foi considerado seguro e está sendo analisado em um laboratório em Quantico, no estado americano da Virgínia.
Motivação
O caso está sendo investigado pelo FBI como tentativa de assassinato, mas a instituição alertou que analisa também a possibilidade de se tratar de um ato de terrorismo doméstico. Robert R. Wells, diretor assistente da divisão de contraterrorismo do FBI, disse que o departamento havia montado um posto de comando em Pittsburgh, onde investigadores trabalham para determinar a motivação do crime.